Assinala como uma das formas de contribuir com o mundo é transmitir as novas gerações os valores intrínsecos dos Direitos Humanos. Quando se fala em educação cidadã em direitos humanos, refere-se a um modelo de educação que esteja voltada à solidariedade, a justiça e a democratização da sociedade. Destarte, as escolas devem oferecer na aprendizagem o exercício da cidadania e fazer com que seus alunos(as) entendam a sociedade de maneira crítica e reflexiva e atuarem com responsabilidade perante aos problemas sociais. Explica que a expressão “pensamento ecológico” é a capacidade humana de refletir sobre o mundo a partir da realidade social e cultural do planeta e não perder de vista que todos são partes inseparáveis dele. Acredita que educar para a vida é proporcionar um modo de pensar que apreenda como se dão as relações na vida e orientar o conhecimento para a valorização e a facilitação do relacionamento entre o ser humano e a natureza.
Destaca que no Peru, deste os anos 80, há um confronto entre grupos rebeldes e as forças armadas. O número de pessoas atingidas pela violência política ultrapassa milhões. Cita que o PAR (Programa de Apoio a Repovoação) objetiva reconstruir as comunidades que foram afetadas pela violência política e fazer com que aqueles que saíram de suas moradias retornassem aos seus lares e tivessem todo o apoio à vida produtiva através de desenvolvimento de projetos voltados a infraestrutura social e econômica, tendo como intenção principal o repovoamento das comunidades atingidas pela violência a par com o projeto de pacificação. Cita que na atual conjuntura há um esforço por parte de alguns setores governamentais no sentido de colocar fim ao problema da violência a partir das demandas da sociedade civil e os deveres que o Estado tem com ela. De tal modo, que a nova orientação que o PAR vem desenvolvendo é o de visar o debate em torno de como se deve dar a organização e a coordenação dos organismos que estão envolvidos com a democratização do país.
Disserta sobre a “revolução” silenciosa ocorrida no Brasil, na década de 90, demonstrando como se deram os impactos sobre a sociedade, já que deste os anos 80 o foco principal da política brasileira e a entrada no competitivo mercado internacional, política elaborada pelos tecnocratas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) que foi reforçada com a vitória do presidente Fernando Collor, que sofreu impeachment no seu mandato, e retomada a política do livre mercado com a entrada de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que a partir de 1994 o seu programa de governo teve as seguintes composições: privatizações das empresas estatais; neutralidade do Estado nas decisões econômicas; desregulamentação; ataque e fim dos direitos sociais, sobretudo os voltados para as relações de trabalho.
Explica que o Brasil ficou um país dependente deste o seu “descobrimento” em 1500 e que até os dias atuais continua subordinado as ordens das grandes potencias mundiais. No ano de 1964 sofreu com um golpe militar que atrasou o seu avanço social e econômico durante trinta anos. Com o fim da ditadura militar, foi proclamada a Nova República e com ela a Constituição de 1988. Os latifundiários, temendo a reforma agrária, se organizaram como força política considerável através da União Democrática Rural (UDR), mas que mesmo assim continuou a luta e a organização dos trabalhadores rurais pela terra mediante ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Esclarece que a função original do Fundo Monetário Internacional (FMI), antes de sua remodelação a partir de 1973 com a crise do dólar, era a de controlar o sistema monetário internacional e que na atualidade ocupa três funções principais: (1) vigilância e supervisão das economias dos países membros; (2) assistência técnica no que diz respeito às questões fiscais e monetárias e (3) assistência financeira aos países que apresentam dificuldades financeiras e aos programas de reforma econômica. Já o Banco Mundial (BM) tinha como desempenho criar condições para a reconstrução da Europa, que logo após foi rejeitado pelos Estado Unidos que optou para a ajuda unilateral através do plano Marshall. Hoje o BM tem a performance de “ajudar” os países pobres em suas dimensões institucionais, estruturais e sociais. Explica que tanto o FMI como o BM têm uma imensa capacidade para influenciar a política econômica dos países do Sul.
Assinala que a natureza da metodologia do estudo apresentado perpassa pela combinação de técnicas qualitativas e quantitativas que estão baseadas em questionários, entrevistas, observações, revisão de documentação que estão disponíveis no IPEDEHP e no Instituto de Educação Superior Paulo Freire (ISP Paulo Freire) que foram realizadas em três etapas: a primeira foi à preparação para que os estudo fosse realizado; a segunda foi à coleção de dados e a terceira etapa consistiu em completar os dados, analisar os mesmos e preparar as informações coletadas. Explica que a criação do ISP Paulo Freire tem um marco que o distingui dos demais institutos, já que ele nasceu com uma filosofia e proposta pedagógica inspirada no pensamento do educador brasileiro Paulo Freire que favorece a iniciativa, participação e na liberdade dos sujeitos da educação em seus diversos âmbitos da ação humana, fomentado no respeito a todas as pessoas, com seus direitos e deveres, a sua participação democrática na sociedade a qual está inserido,na justiça, na solidariedade, na cooperação, no apoio mutuo, na paz, na dignidade humana em que todas elas estão baseadas na tolerância, flexibilidade e honestidade.
Entende que a globalização é o processo pelo qual as dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais se interligam de maneira complexa e contraditória na medida em que se observa a eliminação de fronteiras e se constata a diversidade local. Adiciona que a desigualdade social e a má distribuição de renda nos países em desenvolvimento são marcas registradas da política neoliberal, já que aproximadamente 1 bilhão e meio de pessoas, ou seja, 1/4 da população mundial, vivem na pobreza absoluta. Afirma que tanto nos países do Sul quanto nos países do Norte as desigualdades na distribuição da riqueza crescem de maneira acelerada e as oportunidades para melhorar os padrões de vida da maioria da população se tornam cada vez mais inacessíveis. Nutre a esperança de que a construção das identidades e o respeito pela diferença façam com que todos os grupos, inclusive os minoritários, se unam em prol de um mundo melhor com a certeza de um futuro mais solidário. Até porque são incontáveis os grupos sociais que estão envolvidos nas trocas desiguais e que lutam para que sejam reconhecidos e respeitados em suas diferenças.
Lembra que, na década de 70, os profissionais da educação vivenciaram o fenômeno denominado de “teoria do capital humano” que partia da premissa sobre a necessidade da escolarização para o mercado de trabalho. Considera que a grande falha da teoria do capital humano foi associar a obtenção de uma formação que garantisse uma boa remuneração no mercado de trabalho, surgindo um corte entre a formação e a remuneração. Com as mudanças ocorridas no mercado e na relação de trabalho, volta-se a discussão da maneira pela qual a escola deve oferecer ao cidadão as condições básicas para que ele se torne trabalhador. Cada vez mais a formação para o mercado de trabalho vai está centrada no treinamento e na educação continuada. Indica que os agentes sociais não devem ficar imóveis perante as mudanças bruscas e velozes que estão ocorrendo em escala mundial, porque se assim for, cada vez mais pessoas ficarão excluídas da sociedade e, como sempre, só uma minoria terá direito à participação em todos os seus níveis.
Adverti que o ano 2000 significou um marco histórico na luta das mulheres contra o preconceito e a opressão. Diz que aproximadamente 6000 ONGs e milhares de homens e de mulheres percorreram diversos países alertando que enquanto não respeitarem as mulheres e não houver a distribuição solidária da riqueza o futuro de toda a humanidade estará comprometido. Indica que nem o avanço econômico e tecnológico conseguiu acabar com as desigualdades e as explorações que ocorrem nas relações assimétricas entre os homens e as mulheres. Para se ter uma idéia dessa realidade, denuncia que 250 mil meninas de menos de 15 anos trabalham com escravas domésticas no Haiti, conhecidas como restaveks. Classifica a atual mundialização como sexista, que além de gerar a fome e a pobreza, oprimem as mulheres por sua etnia ou por sua cor de pele. Por isso é fundamental a luta por um mundo mais solidário e igualitário que esteja livre da pobreza e de qualquer forma de violência, já que as mulheres estão denunciando a dominação masculina e o preconceito que sofrem.
Classifica a cidadania como sendo a ação que visa o bem estar da maioria dominada, rompendo com a passividade e colaborando para a supressão das classes sociais. Denuncia que o governo federal com sua lógica da “nova ordem” encara a educação como despesa e não como investimento, assim na tentativa de “diminuir” os gastos das escolas técnicas federais, que segundo ele estão voltadas para um pequeno grupo de privilegiados, impôs um decreto lei para que as escolas técnicas federais voltassem a ser de caráter unicamente instrumental, minando, dessa maneira, a excelência de ensino que as escolas técnicas federais alcançaram, em decreto se dá devido à subserviência do governo às exigências dos organismos financeiros internacionais. Por isso conta com a participação de todos para que a escola não mais insista na ausência da vida e que saiba articular o fazer do saber, p-ara que este último não fique apenas resumido em conhecimento abstrato ou simplesmente técnico e que dessa maneira em nada contribua para as transformações sociais tão necessárias, sobretudo para os que estão excluídos da sociedade.