Jovens e educação: novas dimensões da exclusão

O artigo é uma boa indicação de leitura, tendo em vista duas realidades: primeiro pela própria escassez de textos que tratam do universo cultural dos jovens, depois pela riqueza das questões tratadas e a clareza da análise tendo como pano de fundo uma experiência concreta e avaliada como bem sucedida. O artigo trata de temas importantes para qualquer trabalho com jovens oriundo das classes populares, tais como: violência, exclusão social, inserção precoce no mercado de trabalho, contradição em torno dos objetivos da escola, entre outros.

A autora é da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

Inicia caracterizando as lutas dos movimentos populares urbanos nos anos 70 e dentre elas as lutas pelo acesso e pela qualidade da escola. Nos anos 80 a escola se envolve muito mais nas questões de violência. Mostra a violência no meio dos jovens das classes populares como um resultado de um processo de exclusão social. Finaliza-se com um exemplo retirado da experiência do Município de São Paulo, 1992, que através da música e da dança – RAP – conseguiu promover na escola algo que superasse a exclusão e a violência.

Hacia una reconceptualización de los derechos humanos

O artigo, apesar de simples, aborda temas relevantes para o trabalho realizado pelo Programa Direitos Humanos, Educação e Cidadania. O autor apresenta uma boa análise de Declaração das Ong’s e chama atenção que as Ong’s não se limitam mais às atividades de denúncia ou de análises de estudos teóricos. Segundo Szmukler cresce o número de Ong’s que desempenham atividades de intervenção social.

Expõe os vários pontos da declaração das Ongs (DECONGS), resultado da participação destas na Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena – CMDH. Enfatiza que a declaração foi o produto de um consenso entre as várias entidades políticas, econômicas e sociais representadas. A reflexão apresentada reafirma o direito de autodeterminação dos povos, estabelecendo a universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos civis e políticos, econômicos, sociais e culturais, e o direito ao desenvolvimento.

Hacia un nuevo paradigma de los derechos humanos

O autor utiliza-se de um instrumental teórico baseado em Weber a fim de apresentar uma crítica ao racionalismo e tecnicismo moderno da escola. Apresenta a Educação em Direitos Humanos como proposta mais humanizante e construtiva.

Propõe um novo paradigma com base nos Direitos Humanos, a partir do questionamento profundo da modernidade ocidental, a qual encerra uma estrutura determinada. Baseado em Weber, faz uma análise dos pressupostos que estruturam a época moderna, ” fruto da aliança entre o capitalismo, as ciências naturais e a técnica”. A racionalidade passa ser justificadora do agir e do pensar, em detrimento de valores mítico-religiosos.

Grêmio estudantil: a força (enfraquecida) dos estudantes

A melhor contribuição que o artigo pode trazer para o programa Direitos Humanos, Educação e Cidadania é a identificação das mediações que a escola pode utilizar para promover a interrelação com o universo cultural dos alunos. Os Grêmios Estudantis se constituem em um ambiente privilegiado da ação movida pela própria iniciativa dos alunos. Um maior conhecimento deste ambiente privilegiado de ação dos alunos proporcionará uma melhor análise dos encontros e desencontros do universo cultural configurador dos alunos e os processos de envolvimento democrático.

O autor é professor secundarista e Coordenador da Comissão de Educação em Direitos Humanos da Anistia Internacional

Os anos oitenta foram marcados pelo crescimento da consciência dos Direitos Humanos e a rearticulação dos diversos grupos do movimento popular. Contudo se percebe um desinteresse por parte dos alunos com relação aos Grêmios Estudantis. Segundo o Jélvez, esta é uma trágica herança da ditadura militar: o imobilismo estudantil.

Formación de profesores para una educación para la vida democrática y el respeto de los Derechos Humanos

Este texto torna-se especialmente relevante por sua declaração firme e direta pela implementação de disciplinas que contribuam na formação de professores conscientes e defensores dos Direitos Humanos. O autor também chama atenção para a necessidade de uma sociedade democrática para que a educação em Direitos Humanos seja acolhida numa realidade favorável e de como os professores devem também se empenhar nesta tarefa.

Uma sociedade que viva e respeite a democracia e os direitos humanos é essencial para que se prepare professores construtores deste valores. Porém, só isto não basta para que professores e alunos assumam esta realidade como prática de ensino e aprendizagem. Por isso, segundo o autor, é preciso um projeto definido e estruturado para formação de professores nesta perspectiva e é isto o que ele apresenta neste artigo.

Fato e mito: descobrindo um problema racial no Brasil

O texto se faz relevante principalmente pela consistente análise que faz sobre os dados de cor e raça das pesquisas e censos demográficos. Skidmore examina com autoridade a falta de dados durante um período de 50 anos e como as respostas aos censos muitas vezes revelam a ideologia do embranquecimento presente na mentalidade dos negros brasileiros.

O original do artigo foi preparado para a conferência Population, Nationalism and Ethnic Conflitict, no Watson Institute for National Studies Univerity, abril de 1991, e foi apresentado em palestra proferida em São Paulo, a 1º de agosto de 1991, no Instituto de Estudos Avançados de USP. O autor pertence ao Center for Latin American Studies, Brown University. Tradução de Tina Amado.

No país que recebeu a maior população escrava das Américas, o mito da democracia racial persiste e, com ele, o descaso oficial e o desinteresse de grande parte da produção intelectual pelo estudo das relações raciais. Examina, a partir da inexistência de dados quantitativos sobre a cor da população brasileira durante mais de 50 anos pós-abolição, o debate sobre a raça e a baixa repercussão das vozes que se insurgiram contra as teses assimilacionistas e a ideologia do branqueamento, ao longo do século atual.

Experiências: educação em direitos humanos

Apresenta os pressupostos gerais da proposta de educação em direitos humanos desenvolvida pela Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Trata-se de um depoimento que apresenta os pressupostos gerais da proposta educacional que fundamenta o trabalho da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo. Aponta para elementos básicos de seu desenvolvimento: a interdisciplinaridade e a postura pedagógica problematizadora, visando uma educação libertadora. Afirma também que esta proposta deve ser aplicada tanto no âmbito do ensino formal como do não-formal.

Estudo de caso de segurança nas escolas públicas estaduais de São Paulo

O texto é importante pela análise que faz das políticas de segurança que estão sendo adotadas em muitas escolas da rede pública, como exemplo tem-se o caso do município de São Paulo. Segundo a autora não é suficiente aumentar as grades e contratar seguranças armados. Afinal, a educação não será o melhor caminho para se prevenir a violência contra a própria escola ?

O texto foi apresentado na 6ª Conferência Brasileira de Educação intitulada “A Produção da Exclusão Social: Violência e Educação”.

Trata-se de uma comunicação dos resultados de uma pesquisa desenvolvida em escolas da rede estadual na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo. A partir de manchetes de jornais e fatos concretos procura-se discutir os principais problemas que a escola vem enfrentando referente a crescente onda de violência e discute criticamente as principais medidas de segurança que estão sendo tomadas pelas escolas.

Enfoques pedagógicos y éticos de la educación en derechos humanos: construyendo la transversalidad

Pode-se destacar do texto o enfoque que o autor dar à Educação dos Direitos Humanos como projeto político para a construção de uma sociedade democrática e verdadeiramente comprometida com a cidadania.

Realiza uma reflexão acerca dos enfoques pedagógicos e ético-políticos de uma educação em direitos humanos a ser desenvolvida principalmente em âmbito escolar. Tem como propósito principal a construção de conteúdos para a definição da transversalidade da educação em direitos humanos, enquanto uma modalidade de educação moral, no currículo escolar, desde um enfoque pedagógico crítico, superador de uma racionalidade educativa meramente instrumental.

El aula: una trinchera

Artigo claro, que a partir da realidade concreta do país – a violência – que não é muito diferente à de outros países da América Latina, coloca o desafio de trabalhar e educar nos direitos humanos, desde a sala de aula, propondo um começo de caminho alternativo a nível de princípios pedagógicos.

Procura discutir a possibilidade de um trabalho de educação em Direitos Humanos numa realidade de violência social, como é o caso peruano. Apresenta as dificuldades enfrentadas pelo professor para desenvolver esta proposta e destaca princípios pedagógicos para a formação em Direitos Humanos.