CUSIANOVICH, A. – El aula: una trinchera, In: Nuevamerica – n.º 24, Buenos Aires, Dezembro de 1990, p. 13 – 16.

A partir da experiência político-social peruana com a vivência de um alto grau de violência social, o autor se pergunta e tenta dar resposta desde a realidade, o que se pode fazer desde a sala de aula, em favor dos direitos humanos e a paz. A situação de violência vivida pela população coloca por um lado como ponto central a defesa e luta pelos direitos humanos, mas por outro estreita cada vez mais o espaço onde essa defesa e conscientização pode acontecer devido à mesma violência. O professor não se encontra fora desse contexto e o autor coloca na primeira parte do artigo alguns dos fatores, que a seu ver, condicionam e dificultam o trabalho do professor para a educação em direitos humanos. Esses fatores são: 1- Crise orgânica e esforços alternativos: “”a educação como a escola, não escapam à crise global do país””. Não obstante isto, ele reconhece que se fazem muitos esforços na linha de incorporar na educação formal princípios da educação popular. O que ajuda para que o tema dos direitos humanos seja incorporado na sala de aula, demonstrando também que a tarefa de educação em direitos humanos não é só “”dos profissionais da lei””. 2- Outro fator apontado pelo autor é: direitos humanos e democracia com violência e fome. Neste sentido destaca que, na sala de aula diariamente o professor constata a incoerência real, objetiva, entre um discurso sobre os direitos humanos e a possibilidade real de incidir num panorama tão complexo de caos social. 3- O terceiro fator destacado é a sala de aula: um espaço e tempo não neutro. Aqui se salienta a importância do professor ter chegado a perceber que o conteúdo curricular não é neutro. Que de acordo como ele seja elaborado – com os temas que contêm ou os que exclui – favorecerá manutenção do sistema ou a mudança, reforçará uns princípios culturais ou introduzirá outros, etc. Na segunda parte do artigo Cusianovich destaca alguns princípios que devem estar presentes na pedagogia de quem quiser desde a sala de aula formar em direitos humano. Eles são: 1- formar sujeitos sociais capazes de perceber e se comprometer com a realidade maior que vai além do espaço da escola; 2- animar uma pedagogia da ternura que colabore na formação de cidadãos sensíveis à solidariedade, à justiça e à paz, que não se acostumem com a violência; 3- esta nova pedagogia tem como centro a vida: como valor e recurso máximo. Esse deve ser o eixo articulador de todo o trabalho em direitos humanos, o centro que lhe dá sentido e sustento. Artigo claro, que a partir da realidade concreta do país – a violência – que não é muito diferente à de outros países da América Latina, coloca o desafio de trabalhar e educar nos direitos humanos, desde a sala de aula, propondo um começo de caminho alternativo a nível de princípios pedagógicos.