Plural Editores, 1999.

Alerta para o fato de que o termo “nova ordem mundial” está construído sobre diversas significações, afirmando “o fim da história”, que em outras palavras apregoam um modo de viver onde não há perspectivas de mudanças; tudo está pronto e acabado – nada pode ser modificado, deixando a margem os sonhos, a esperança, a possibilidade de reconstruir o novo. Por detrás da nova ordem mundial está os EUA e sua política colonialista na América Latina que dita as ordens aos governantes desse continente com medo de perder o controle exercido sobre eles. É interessante observar que o processo de globalização se caracteriza por seu efeito contraditório: o maior investimento comercial na área norte-norte e uma verdadeira declinação na relação norte-sul. A competição desenfreada e injusta entre os blocos dominantes faz da América Latina apenas uma doadora de recursos naturais, fato esse que dificulta o equilíbrio de seu comércio regional. Diz que na América Latina cresce de maneira acentuada a expansão dos setores sociais que ganham a vida, de maneira precária, a margem dos setores oficiais são, que deixe em separado, de maneira explícita, aqueles que estão inseridos no setor formal e uma parcela significativa no setor informal, como é o caso da Bolívia em que o comércio internacional não investe no setor manufatureiro; o crescimento no setor terciário nesse país, sobretudo a partir dos anos 80, tem tido um aumento multiplicador na economia que envolve a cocaína, diminuindo assim o setor manufatureiro. Logo, como conseqüência, há uma provocação de migração interna que vai desembocar em áreas periféricas urbanas, inchando dessa maneira as cidades, ocasionando a falta de saneamento e serviços básicos, a desnutrição, o desemprego e tantos outros problemas sociais. Levando-se em consideração que a questão agrária na América Latina é um problema ainda não solucionado pela sociedade e mesmo pela classe política, propõe uma política agrária sustentável e mais qualitativa, pondo em prática as seguintes questões: desenvolver políticas de auto-suficiência alimentar; promover a pequena e média agroindústria para o consumo interno; introduzir métodos tradicionais de cultivo e controle de pragas; proporcionar relações solidárias e cooperativas entre os trabalhadores rurais; satisfazer as necessidades básicas da maioria e fomentar uma estratégia de seguridade humana e justiça social, conjuntamente com a seguridade alimentar. Concorda que a ética deve ser politizada e a política deve ter como alicerce à ética, ou seja, as duas devem caminhar juntas para que, dessa maneira, possa forma um corpo sucinto e façam sentido na vida cotidiana, na vivência real do cidadão comum. É “comum”, sobretudo na América Latina, com a influência da política neoliberal, considerar que o real é somente a “democracia do mercado”, em que os cidadãos são apenas consumidores e/ou clientes, resumindo a sua participação, enquanto cidadão, no que tem e no que pode comprar. Para mudar essa situação, isto é, construir uma nova realidade é preciso antes de tudo a participação massiva e direta por parte dos atores sociais na vida política de seus países, para que dessa maneira se possa rechaçar a política imposta pelos EUA na América Latina, já que eles desprezam de maneira absurda os despossuídos, os maltratados, os excluídos e todos aqueles que estão à margem da sociedade. Por isso que a política de intervenção norte americana na América Latina visa sempre a evitar que aconteça nesse continente o surgimento da democracia participativa, buscando sempre limitar esse espaço político. Indica que para a inserção de uma sociedade com uma democracia sólida, não se deve perder de vista atuação em poder fiscalizar o poder local, os governantes municipais, sem perder do contexto a política nacional e internacional. Dessa maneira, a democracia representativa pode ser substituída pela democracia participativa. Ora, é de conhecimento de todos que os interesses políticos por aqueles que detêm o poder não se sintoniza com as necessidades dos despossuídos socialmente; daí a necessidade urgente de uma mudança social mais profunda que vise uma transformação estrutural a favor de todos aqueles que não possuem o mínimo necessário para que possam sobreviver. Lembra que a construção do desejo não é apenas resultado do que é possível; a consciência do que é possível e a vontade de atuar na sociedade visando as mudanças sociais, segundo mostra, são as condições basilares que irá determinar o êxito ou o fracasso de um cidadão, de um povo ou mesmo de um país inteiro.