2002.

Constata o imenso sofrimento pelo qual passam homens e mulheres moradores de Chocó (Colômbia) após a despedida das 119 pessoas que foram assassinadas, no massacre de Bojayá, de maneira cruel devido à guerra entre os guerrilheiros e paramilitares. A batalha deve a duração de quatro dias, levando a população a ficar no meio do fogo cruzado. A situação é de significativa miséria e mesmo assim os guerrilheiros e paramilitares continuam arrasando os territórios dos negros. A batalha nem mesmo respeitou um templo católico que estava abrigando 500 mulheres, idosos e crianças que tentavam de toda maneira salvar as suas vidas, pedindo a Deus e a outros deuses evita-los da morte, mas que, infelizmente, culminou na morte de centenas de pessoas, entre elas crianças. Muitos moradores que vivem da pesca ficam impedidos de fazer suas atividades e as crianças são obrigadas a ficar dentro de suas casas cobertas por barricadas devido aos constantes tiroteios e bombas que são lançados nos arredores da região urbana que tem duração de dias. Os cidadãos ansiosamente aguardavam que o exército viera resgatar os habitantes de Bojayá, mas esta força armada, segundo seu comandante, ficou impedida de realizar tal tarefa devido às más condições do tempo. Denuncia que milhares de pessoas na Colômbia vivem em estado de miséria, enquanto que guerrilheiros, traficantes e paramilitares lutam para dominar territórios, levando por vezes seus moradores a recorrerem a divindades como forma de proteger a suas vidas e para que melhorem as condições nas quais se encontram, já que na atual conjuntura ninguém pode afirmar quem será, se houver, o ganhador dessa guerra. Presta solidariedade a todos os povos indígenas, negros e mestiços na região de Chocó, que apesar de todos os sofrimentos que passam, que é a conseqüência da luta entre grupos armados, ainda acreditam no futuro de paz. Constata também que diversos grupos rebeldes e outros de cunho econômico disputam a propriedade do território, obrigando os habitantes negros, indígenas e místicos a se posicionaram pró ou contra os determinados grupos e até mesmo influenciando as formas de governar, restringindo a população de terem acesso à alimentação e aos serviços públicos básicos. Caso o Estado não imponha as normas constitucionais, para que gere o Estado Social de direito, ele será o responsável pelas implicações desastrosas que poderão ainda mais atingir a população, sem esquecer o fato de que o aumento de desemprego, as privatizações dos serviços púbicos que pioram as atividades comunitárias, o declínio da educação pública de qualidade faz com a pobreza e a miséria aumente de maneira extrema. Lembra que por sua vez os governantes e os grupos econômicos insistem em um tipo de prática que não dá retorno à população, isto é, exercem atividades que só visam o lucro e a exploração de recursos naturais. O poder do narcotráfico representa um outro perigo significativo para a população, já que impedem a autodeterminação dos povos e ameaça constantemente a sua vida. Nota-se, perante esta circunstância, a omissão do Estado para com a transgressão dos direitos humanos e com a rede de corrupção que assola o Estado colombiano. Não se vê nenhum tipo de julgamento para que se faça justiça com aqueles que são responsáveis por essa realidade lastimável. Declara que devido ao processo de globalização, imposta pelas grandes potências mundiais, com sua ideologia neoliberal que almeja o domínio sobre os povos é a responsável direta para a facilitação de fazer com que a minoria rica fique mais rica e a maioria da população, em escala mundial, fique cada vez mais empobrecida e miserável. Esclarece que depois do atentado de 11 de Setembro, os Estados Unidos desencadeou novas estratégias para intervir em qualquer nação sobre o alegado de combater o terrorismo. Com isso, não esquece de mencionar que o capitalismo também impõe seu terrorismo social, econômico e político, negando a uma parcela significativa da população mundial tenha acesso à educação, à saúde, ao desenvolvimento, etc.. Sugeri que as organizações sociais populares, os sindicados, as organizações étnicas e toda a sociedade civil se organizem e expressem quais são seus projetos de vida; que soluções propõem para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna alicerçadas por todos os homens e mulheres de boa vontade.