Record, 2001.

Trata-se de uma obra divida em cinco partes que objetiva discutir temas atuais com atitudes éticas, intencionando, dessa maneira, explicitar o que é justo a se fazer e o que não é justo ou o que não deveria ser feito. Entende que a função do intelectual não está distanciada da moral e com relação à guerra observa-se também que ela vem sendo discutida no mundo acadêmico há 45 anos. Quando estourou a Guerra do Golfo, em 1991, foi um sinal de que o discurso dos intelectuais não deve espaço suficiente. Mesmo assim, é dever do intelectual proclamar a impossibilidade da guerra mesmo quando as soluções alternativas se tornam escassas, já que a guerra e um desperdício de vida para o planeta e para todos os seres vivos. Diz que uma das características das ideologias reacionárias é a valorização do elitismo, já que elas possuem tamanha aversão pelos mais fracos. Para complementar e fortalecer as suas ideologias a classe dominante utiliza a mídia para trabalhar a sua maneira de pensar, sobretudo nos jornais e difundindo-se por inumeráveis canais de televisão com o intuito de que o público televisivo “mastigue” emotivamente as mensagens apresentadas com discussões e polêmicas sem nenhum conteúdo que seja um pouco mais aprofundado. Há também as redes telemáticas que estão voltadas para uma elite aculturada e jovem que é bem diferenciada das massas marginalizadas. Contudo, considera que a imprensa ainda tem uma função fundamental de não apenas informar, também, mas o de proporcionar satisfação e prazer ao leitor. O esforço a ser feito é o de que a imprensa não fique mais atrelada às fofocas palacianas ou na repetição de notícias semanais e essa função seria uma ótima alternativa para os políticos, para que possam contribuir para a reflexão e todos assumirem a responsabilidade do que mandam publicar ou das denúncias que dizem terem lido. Enfatiza a idéia de que em todas as pessoas se fazem presente à base de uma ética, independentemente da cultura na qual estão. Por exemplo: todos sabem por si mesmo que se deve respeitar a corporalidade, o direito de falar e de pensar do outro, o que não equivale a dizer que todos respeitem e pratiquem tais direitos. De tal modo, o dever ético consiste em noções universais que permitem com que as pessoas compreendam que elas desejam fazer certas coisas e que não deseja que lhe façam outras, e também que não deveria fazer aos outros o que não quer que façam a si mesmo. Significa dizer que a dimensão ética se inicia na medida em que há a presença do outro, permitindo assim um equilíbrio nas relações individuais, sociais e universais, adicionando que a ética é um “como fazer” que consiste na formação do caráter, já que o ser humano não nasce com um caráter determinado; assim sendo ele é pura possibilidade. Classifica o fundamentalismo como sendo um tipo de interpretação hermenêutica de um dado livro sagrado, explicando-o literalmente como está escrito e considerando errado, herege, inimigo, etc., todos aqueles que possuem outras maneiras de se fazer uma outra leitura. Esse tipo de interpretação nasceu nos meios protestantes dos Estados unidos durante o século XIX, meios esses que não aceitavam nenhuma interpretação de cunho alegórico ou de qualquer tipo de educação que pusesse em questão o que estava escrito na bíblia e quando acontecia tal fato a recusa se tornava intolerante. Recorda que em todos os tipos de intolerância o que predomina é o desrespeito à diferença, todavia a intolerância mais desprezível é aquela que surge quando há a ausência de doutrina, pois, assim sendo é selvagem já que não consenti nenhum tipo de crítica e é este tipo de intolerância que toma corpo e cresce a cada dia. Como é observado que dentre as classes sociais, entre os pobres a intolerância se torna mais evidente, como é o caso do racismo, o que quase não acontece, de maneira geral, entre os ricos, mesmo como é sabido por todos que foram os ricos que produziram a doutrina do racismo e são os pobres que as reproduzem. Detecta que entre a classe intelectual a intolerância selvagem não tem como ser combatida, já que o pensamento racional fica indefeso perante a ausência de argumento. Segundo pensa a idéia de que praticar uma educação para a tolerância entre os adultos que matam uns aos outros por motivos tanto éticos como religiosos é uma incomensurável perca de tempo; é um caminho sem volta. Deve-se então educar as crianças deste a tenra idade para que deste modo possam combater a intolerância selvagem desde as suas raízes.