in: CIAS (Revista del Centro de Investigación y Acción Social), nº521, 2003.
Considera que a educação, enquanto compromisso político, perpassa por duas idéias fundamentais. A primeira diz respeito ao compromisso que o Estado e a sociedade têm na construção de políticas educativas, enquanto que a segunda refere-se a instituição escola como o espaço de formação dos futuros cidadãos e o papel fundamental dos docentes enquanto socializadores políticos. É sabido que para os gregos a tarefa primordial da educação consiste em sua responsabilidade de formar cidadãos, já que a educação é a que sustenta a vida da cidade e permite que todos os cidadãos o direito de terem leis justas e de poderem governar e todas a ações e reações devem estar voltadas para o bem comum e não apenas para um cidadão ou para um grupo. Segundo o filósofo Aristóteles, introdutor da noção de “logos”, é através do diálogo que todos os cidadãos da cidade pode fazer parte nas tomadas de decisões e em condições iguais. Afirma que a competência educativa consiste em aprender a aceitar a diferença e saber a viver juntamente com os outros, o que evita o individualismo e as atitudes autoritárias. Em 1996 a UNESCO deu um informe sobre a educação do século XXI, afirmando que a educação é um instrumento que fortalece os ideais de paz, liberdade e justiça social e que “A Comissão deseja compartilhar com o grande público esta convicção mediante suas análise, suas reflexões e suas propostas, em um momento em que as políticas de educação são objetos de vivas críticas e são relegadas, por razoes econômicas e financeiras, a última categoria de prioridades” (p.69). Afirma que nos dias atuais há uma necessidade de se fazer um pacto entre o Estado e a sociedade para fazer com que a educação retorne ao seu lugar que é o de educar para a construção de uma sociedade mais democrática e mais eqüitativa. Assim, a política educativa deve buscar caminhos para que se possa potencializar as escolas com valores do diálogo, da solidariedade, da orientação do trabalho voluntário, receber as comunidades e a sociedade reconhecer que a educação não é apenas um direito humano, mas é, antes de tudo, uma política de Estado que se interessa na construção plena da cidadania. Espera que a escola se torne o lócus primordial para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e valorativo com uma pedagogia renovada que possa ter uma compreensão profunda das mudanças que vem ocorrendo em todas as partes do mundo. Compreendendo as transformações mundiais abre-se a oportunidade de refletir de como fazer para transformar a crise atual em ferramentas para os mais necessitados para que se tornem sujeitos responsáveis e independentes. Só assim se poderá fazer com que a educação venha a ser um instrumento para a cidadania neste contexto globalizado. Indica que na atualidade a formação para a cidadania está calcada em três alicerces: a ética, a teoria política e o direito, para que, desta maneira, se possa formar cidadãos críticos inseridos na sociedade, assim como explicar as normativas nacionais e internacionais do respeito aos direitos humanos, promovendo a formação teórica e o despertar de atitudes comprometidas com a práxis da transformação da realidade social. Adiciona que o exercício da cidadania tem na escola um caráter transversal em um triplo sentido. (1) não pertencer a um só tipo de tendência; (2) a transversalidade institucional e (3) a transversalidade social. Menciona que não há transformação educacional que não passe pelo corpo docente, já que são eles que têm o compromisso político na formação dos cidadãos.