Serem “criativas face à realidade e aos desafios, formadoras e não apenas informantes”. Este foi o convite feito pelo Papa Francisco às universidades, durante o Encontro entre Reitores de Universidades Latino-Americanas e Caribenhas: Organizando a Esperança, organizado pela Red de Universidades para el Cuidado de la Casa Común – RUC (Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum) nos dias 20 e 21 de setembro, em Roma. O reitor da Ufes, Paulo Vargas, participou do encontro.

Na audiência (foto) realizada no dia 21 na Sala Clementina, no Vaticano, o Papa complementou: “É preciso educar meninos e meninas nas três linguagens humanas: a da cabeça, a do coração e a das mãos, de tal forma que aprendam a pensar o que sentem e o que fazem, a sentir o que fazem e o que pensam, e a fazer o que sentem e o que pensam”.

Durante o encontro, foram abordados temas como meio ambiente, biodiversidade e alterações climáticas. O Papa apontou como lamentável a “cultura do descartável, que prejudica a todos”, e apelou às universidades para que criem redes de sensibilização: “Há uma cultura de descarte, falta educação em usar as coisas que sobraram, refazê-las, recolocá-las para o uso comum. E esta cultura do descartável também afeta a natureza. Os jovens de hoje têm direito a um cosmos equilibrado”.

Política como vocação

Papa Francisco também convidou os reitores das universidades a promoverem a formação com valores humanistas e o diálogo fraterno, ajudando os estudantes a “entrar na política” como uma “nobre vocação”.

“Não esqueçamos que a vocação mais nobre da pessoa humana é a política. Formar os nossos jovens para serem políticos, no sentido mais amplo da palavra. Não só para que atuem num partido político, que é um grupo pequeno, mas que tenham uma abertura política e que saibam dialogar com os grupos políticos com maturidade. A política não é uma doença, na minha opinião, é a mais nobre vocação numa sociedade, porque é ela quem realiza os processos de desenvolvimento”, afirmou.

Migração

A imigração foi outro ponto abordado no encontro. Sobre esta questão, o Papa pediu aos reitores que as universidades abordem este problema, mas com “a densidade humana que tem”: “O imigrante deve ser acolhido, acompanhado, promovido e integrado. Se não conseguirmos integrá-lo, falharemos. Carrego muito no meu coração o problema dos imigrantes. O que se faz hoje, aqui na Europa, que é mandá-los de volta, é criminoso”.

Participaram do encontro com o Papa 216 reitores de universidades públicas e privadas de toda a América Latina e Caribe que, juntas, acolhem mais de quatro milhões de estudantes, sem contar professores, pesquisadores e técnicos administrativos.

O evento foi fruto de uma proposta que a RUC apresentou à Pontifícia Comissão para a América Latina. A RUC existe há sete anos como uma comunidade organizada de universidades que visam pôr em prática o desafio da Encíclica Laudato Si’, que trata dos problemas ambientais que ocorrem na Terra (a casa comum) e propõe um paradigma de mudança.

Com informações e foto do portal Vatican News

Fonte: https://www.ufes.br/conteudo/papa-francisco-pede-universidades-que-sejam-formadoras-e-nao-apenas-informantes