Quartet, 2000.
Apresenta a diferença que se tem acerca do senso comum tanto para os neoliberais, como para os educadores(as). Explica que para os primeiros a transformação do senso comum é importante na medida em que ela fará hegemônica a aceitação da reestruturação do Estado por parte da ideologia neoliberal, que encara tal reestruturação como inevitável, justa e única, como parte solucionadora da crise que pela qual passa o Brasil, inclusive com o seu modelo educacional que muito contribui com essa crise. Acentua que a ideologia neoliberal ao modificar a compreensão da realidade modifica também a maneira pela qual se pode atuar nessa realidade. Por isso os defensores da ideologia neoliberal desejarem ter o domínio do processo educacional para que não mais existam outros modelos que apresentam propostas diferentes da deles e assim possam concorrer com eles. Não se pode também encobrir o fato de que o neoliberalismo é um produto político e ideológico das transformações que vem ocorrendo com o capitalismo moderno. Para os educadores que acreditam na transformação social e com ela a modificação do senso comum na desconstrução da hegemonia neoliberal é de suma importância para que se promova a inclusão social nas práticas e nos discursos das escolas públicas, local onde o educador se faz presente. Lembra que a globalização não é um fato em si mesmo, e sim um processo que está em curso e como tal pode e deve ser transformado, mas é um processo irreversível que não precisa ser necessariamente excludente. Ela pode levar a civilização humana à barbárie ou desenvolver caminhos que leve a um modo de vida que seja salutar para todos, entretanto, já está mais do que reconhecido que os paises pobres foram os que mais sofreram com as mudanças significativas que aconteceram no mercado de trabalho, atingindo de maneira direta a vida de milhões de pessoas no mundo. Adverti que a globalização não é apenas um fenômeno que foi imposto pelo poder estrangeiro, mas é um reconfiguração do capitalismo que intensifica as desigualdades sociais, econômicas e culturais dos Estados-Nação. Assim sendo, a relação entre educação e globalização se torna muito complexa, já que irá trabalhar as tensões locais, os conflitos internacionais e a necessidade que se tem de dimensionar as políticas educacionais contemporâneas a nível global. Além disso, deve-se ter a consciência que a globalização não se apresenta da mesma maneira em todos os países, mas que irá depender do desenvolvimento, das propostas e das saídas que cada Estado nacional encontra para enfrentar e resolver as suas crises. Alerta que as propostas educacionais que são ditadas pelo Banco Mundial aos países da América Latina, na verdade representam “pacotes” da ideologia neoconservadora e neoliberal. O financiamento dado pelo Banco Mundial não representa muito se comparado com as despesas que os governos têm; a maior influência do Banco Mundial é a assessoria que ele realiza para “ajudar” os governantes a desenvolverem políticas educacionais. Ensina que é importante se ter claro o que se entende por hegemonia, pois ela será fundamental para a compreensão do neoliberalismo e suas implicações, que avança lenta e progressivamente nos Estados-Nações. Pesquisa feita entre alguns professores, tendo como pergunta: “Como o neoliberalismo afeta a sociedade brasileira e a escola pública”? declararam que não sabiam muito que o neoliberalismo significava, mas percebiam que o avanço da pobreza, da discriminação, do desemprego, da falta de oportunidades para os mais necessitados estava crescendo de maneira considerável, tudo isso devido à concentração da renda continuar na mão de uma minoria. Compreenderam também que a influência do neoliberalismo na escola pública se dá pelas reformas educativas utilizadas por ele que retira da escola sua função social e passa a ser encarada como o local que promove a empregabilidade para que os alunos se adaptem as mudanças que estão ocorrendo no mercado, ou seja, a escola deve está organizada de uma maneira que atenta aos interesses do mercado, mesmo que dessa maneira esteja fomentando o individualismo, a competição e a concorrência de maneira desigual. Pode percebe que nas falas das professoras elas ainda encaram a escola como a “salvadora da pátria”; ela é a instituição que irá resolver todas as mazelas da sociedade, adequando os alunos ao modelo de sociedade que se tem sem ao menos questiona-la, o que na verdade significa dizer que os alunos não pensam; são eles que devem mudar para se adaptarem à escola. Enquanto as perdas que tiveram , as professoras indicaram que foram o prestígio social, o valor, o respeito dos alunos e dos pais e o aumento de suas funções dentro da escola que afetou a qualidade do trabalho que exercem. Acredita que a criação de espaço de discussão constitui uma das formas para que se possa desenvolver uma atuação política sobre as atividades exercidas pelas (os) professoras(es), deixando mais claro suas visões sobre a sociedade e da situação educacional.