Autores Associados, 2000.
Aponta para o fato de que assim como o mundo vem passando por significativas transformações o processo ensino-aprendizagem também vem passando por uma série de alterações e com elas surgem preocupações em torno do ensino tecnoprofissional para que se possa detectar se ela é ou não cidadã. Sabe-se que o termo cidadania possibilita diversas interpretações e é utilizada por distintas ideologias. Por isso, classifica a cidadania como sendo a ação que visa o bem estar da maioria dominada, rompendo com a passividade e colaborando para a supressão das classes sociais. A cidadania contem em si mesma a participação como forma dos homens se expressarem na definição do(s) rumo(s) que a sua vida pode levar. Significa dizer também que a cidadania não está dada a partir do estado psíquico ou mental de uma dada pessoa. Ela é a participação com igualdade na vida social sobre o rumo de sua vida pessoal e da comunidade a qual pertence; é preparar todos os cidadãos para o exercício da vida pública; deve estar preparado não somente para governar a si mesmo, mas o que está ao seu redor. Participação com igualdade entende-se a ampliação e conquista de direitos que garantam a obtenção dos bens materiais, simbólicos e sociais. Quando falta um desses elementos compromete a participação e impede a prática cidadã. A igualdade não é o nivelamento da consciência imposto; mas é uma nova relação entre os indivíduos devido a extensão da visão do mundo que é passada pela classe dominada que sempre transmite a idéia de que os seus interesses são sempre os legítimos. Considera que o final do século XX foi marcado pelo rápido desenvolvimento tecnológico, dando ao homem possibilidade de trabalhar sem precisar despender tanta força física que está facilitado pela máquina, trabalho esse que requer um conhecimento prévio do que se vai fazer que se opõe a simples técnica do saber fazer, inserindo, portanto a cisão entre o saber e o fazer. Ter conhecimento é, de alguma forma, ter poder. Aqueles que conhecem tem muito mais facilidade para controlar os outros de acordo com seus interesses, sejam eles individuais ou do grupo ao qual se pertence. Por isso mesmo, todos aqueles que têm uma visão crítica da sociedade dividida em classes sociais e querem transforma-las, nunca devem desistir do ato de saber e de fazer e a escola cumpre um papel fundamental para cooperar com as transformações sociais. Para que essa realidade se concretiza é preciso que aja a ligação escola e vida, politizando o processo ensino-aprendizagem. Caso se possibilite aos cidadãos que em sua formação intelectual tenha a união entre o saber e o fazer estará apto para reagir de maneira transformadora perante os problemas sociais e fazer com que eles conquistem o seu lugar enquanto cidadão e ser capaz de orientar e dá sentido a sua própria vida, pois sendo o ser humano um ser de práxis está apto para fazer sua própria história através do relacionamento que tem com os demais e com a natureza. Entende que a prática cidadã é ir e busca das resoluções dos problemas que afligem a comunidade a partir do momento em que os indivíduos conquistem os seus direitos civis, políticos e sociais. Denuncia que o governo federal com sua lógica da “nova ordem” que encara a educação como despesa e não como investimento, na tentativa de “diminuir” com os gastos das escolas técnicas federais, que segundo ele essas escolas são voltadas para um pequeno grupo de privilegiados, através de decreto lei propôs volta-las a ser de caráter unicamente instrumental, ou seja, serem cursos profissionalizantes de baixa qualidade minando, dessa maneira, a excelência de ensino que as escolas técnicas federais alcançaram em nome da subserviência do governo às exigências dos organismos financeiros internacionais. Basta notar que esse decreto foi montado de maneira autoritária; retorna a um modelo educacional que já está superado e defasado; com a lógica neoliberal de produção deteriora a qualidade das instituições de ensino, em especial a qualidade das escolas técnicas federais. Percebe que a educação deva ofertar aos mais desfavorecidos da sociedade os meios suficientes e reais para que possam atingir sua autonomia cultural e com ela uma nova visão de mundo para que possam transformar a formação sócio-econômica que aí está. Lembra que cidadania é a participação dos indivíduos na sociedade, buscando-se a igualdade em seu sentido mais pleno. Deve-se contar com a participação de todos para que a escola não mais insista na ausência da vida e que saiba articular o fazer do saber, p-ara que este último não fique apenas resumido em conhecimento abstrato ou simplesmente técnico e que dessa maneira em nada contribua para as transformações sociais tão necessárias, sobretudo para os que estão excluídos da sociedade.