Colección Mayor, 2002.

Trata-se de uma pesquisa elaborada conjuntamente pelos centros Yachay Tinkuy (Bolívia), Novamerica (Brasil) e Centro Cultural Poveda (República Dominicana) com o intuito de promoverem, na América Latina, a educação dos direitos humanos nas escolas por considerarem fundamental para a construção da democracia nas sociedades. Alertam para o fato de que a discriminação tornou-se um problema estrutural. Por isso o interesse maior está voltado em reconhecer de que maneiras se manifestam e se reproduzem os processos discriminatórios na escola e que meios estão disponíveis para que se possa erradica-los, mas sem esquecerem de mencionar que cada cultura possui suas peculiaridades a partir de seu contexto, diferenciando assim os tipos e as formas como ocorrerão as discriminações. Por exemplo: na Bolívia a discriminação étnico-racial e cultural se apresenta com várias etapas. Caso se observe o modelo educativo os bolivianos eram considerados incapazes a aprendizagem, devido a sua “falta” de raciocínio lógico e perdem a noção da realidade, modelo esse, predominante ate 1955, que estava baseado na cultura dos colonizadores dos povos europeus. É importante ressaltar que a discriminação não se dá somente através de grupos externos a cultura, mas se dá também no interior dos diferentes grupos étnicos que muita das vezes um determinado individuo discrimina o outro em um determinado contexto, ele próprio é discriminado em uma outra conjuntura distinta. As mulheres, independentemente de sua raça, classe, condição econômica, etc. têm menos oportunidades do que os homens, seja no seio familiar, seja na sociedade. Os próprios livros escolares reproduzem a discriminação sexista por enfatizarem a ”supremacia” do sexo masculino em detrimento ao do sexo feminino. Adiciona que muitos alunos reconhecem que os professores são agentes propagadores da discriminação e que somente com a mudança de suas atitudes em sala de aula em referencia a maneira como passam os conteúdos e a discussão sobre a realidade poderão erradicar a discriminação na prática educativa para que se diminua a distancia ainda existente na relação entre a escola e a sociedade, já que são ambas as reprodutoras de práticas discriminatórias. Sabe-se também que no interior da sociedade brasileira a discriminação tem suas raízes calcadas em sua história de exclusão e marginalidade das camadas sociais menos favorecidas. Com relação à população negra, mudaram-se as linguagens e algumas práticas, mas continuam em desvantagens sócio-econômicas se comparados ao restante da população. O preconceito racial existente na sociedade brasileira, com sua origem escravocrata, é passada ao currículo escolar que acaba sendo um forte instrumento de propagação de formas estereotipadas da maneira de interpretar a realidade, assim como para a cultura do fracasso escolar que muitas das vezes estão pautadas em teorias racistas e que deixam profundas marcas negativas em todo contexto social. Constata que a temática da discriminação não é trabalhada na maioria das escolas. Mesmo assim alguns professores procuram enfrentar a realidade acerca da discriminação, mas que tal realidade se dá somente no âmbito individual de cada docente, ficando, dessa maneira, difícil de romper com a lógica do silêncio que predomina nas escolas e reforça a discriminação. Lembra que algumas entrevistas realizadas entre jovens alunos demonstraram que eles têm conhecimento de haver discriminação nos vários setores da sociedade e apresentaram propostas como forma de combate-las que entre elas estavam: trabalhar estas questões deste a infância das pessoas; reconhecer e valorizar as diferentes manifestações culturais; respeito e carinho entre as pessoas, respeitando as suas diferenças, reflexão, discussão e debate em torno do tema e etc.. Propõem como forma de pôr fim a todo o tipo de discriminação fazer um trabalho não somente com alunos e professores, mas com toda comunidade escolar, assim como integrar toda coletividade pela construção de uma sociedade de paz, solidariedade e com participação democrática.