Autores Associados, 2000.

Elucida que o Gapa-BA (Grupo de apoio à prevenção à aids na Bahia) investe os seus recursos na promoção dos direitos da quarta geração, que diz respeito à sexualidade, vista com um dos principais campos da violação dos direitos humanos, mas desconsiderada pela maioria das entidades, fruto de preconceitos ou de falta de informação ao tema. O intuito e fazer com que a cidadania sexual seja um direito em que todos os cidadãos/ãs possam exercer de maneira soberana sua orientação sexual, atuando de maneira consciente a prática segura do sexo entre casais heterossexuais de baixa renda, profissionais do sexo e a garantia dos direitos da população homobissexual. Avalia que a aids exige do tecido social respostas que referem-se ao respeito à diversidade humana e quando isso não ocorre muitas vezes torna-se intolerância e exclusão, violando dessa maneira os alicerces básicos dos direitos humanos que estão inspirados na igualdade, no respeito, na cooperação e na paz. Lembra que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que deve seus lançamento no ano de 1948, objetivou fazer com que o maior número de nações possíveis adotasse a perspectiva de valorizar uma ética universal para o bem comum e para a garantia da dignidade humana. Na verdade, a essência que permeia os direitos humanos é a idéia de que a partir de leis jurídicas se possa assegurar que não ocorra nenhuma forma de legitimidade que venha acarretar discriminação ou privilégios por conta de questões de classe, de raça, de sexo, de crença ou de tantas outras que possam surgir. Lembra que as ONGs que estão empenhadas no combate à aids fazem um grande esforço para manter o diálogo e a parceria do Estado e do mercado, mas deixando claro que nessa relação não se deve absorver nem a lógica do Estado nem do mercado e sim manter sua independência e visão crítica. Prevenir a aids é, antes de tudo, fortalecer a auto-estima e conscientizar as comunidades que estejam mais vulneráveis a práticas de riscos e não se deixarem abater por estereótipos tipo negro, gay, profissional do sexo, favelado e tantas outras palavras que expressam de maneira depreciativa a realidade de um determinado grupo. Foi somente em meados dos anos 80 que o movimento Aids surgiu. As pessoas inicialmente que promoveram esse movimento eram pessoas de cor branca, do sexo masculino que possuíam capital escolar e poder aquisitivo, mas eram as mesmas pessoas que haviam contraído o vírus HIV. Essa iniciativa foi muito importante para a implementação de políticas públicas para o combate e a prevenção da aids, já que essas mesmas pessoas tinham esclarecimento dos seus direitos e deveres e quais mecanismos institucionais deveriam recorrer. Entende que deveria haver mais entrosamento entre as ONGs que atuam na prevenção da Aids, sobretudo estarem mais envolvidas nos movimentos sociais que de uma maneira ou de outra se articulam com os direitos humanos, bem como as lideranças e as organizações civis. O intuito é fazer com que a Aids não se transforme em mais um elemento de exclusão social, entre tantos outros excluídos. Indica que o trabalho do Gapa-BA está direcionado a seis linhas de atividades: (I) educação em direitos humanos, saúde mental e aids; (II) controle social de políticas públicas de saúde, assistência e previdência social; (III) articulação com outros movimentos de direitos humanos e participação em seus fóruns específicos; (IV) realização de pesquisas que subsidiem o trabalho e o diálogo qualificado com o Estado; (V) apoio jurídico, percebendo as questões individuais a possibilidade de transforma-las em demandas coletivas e (VI) oferecimento de apoio psicológico regular, exclusivo para pessoas de baixa renda, com o objetivo de trabalhar a auto-estima do soropositivo, elemento essencial para sua percepção de cidadão sujeito de direitos e deveres perante o Estado e a sociedade. Aposta para que o assessor jurídico não fique mais preso as suas funções burocráticas ou trancafiado em seu consultório; é preciso que ele atua na comunidade em contato direto com a população que nela reside, sabendo negociar e socializar o conhecimento com a ação jurídica popular. Para uma maior compreensão dos direitos humanos, por parte do senso comum, eles serão divididos em duas partes: (a) “direitos civis e políticos” e (b) “direitos econômicos, sociais e culturais”. Ao encarar os direitos humanos como direitos indivisíveis, afirma que os valores liberdade e igualdade são inseparáveis, porque se os dois não estiverem trabalhando mutuamente se tornam vazios, assim como os direitos humanos não superam a polêmica entre o sistema econômico ou político adotado pelas nações.