Artes Médicas, 2001.
Ao dissertar sobre as mudanças educacionais que vem ocorrendo no Brasil, cita Marchesi e Martín (1998) os quais indicaram que tais mudanças podem ser observadas nas reformas curriculares. E essas reformas representam os sintomas e não as causas das rápidas mudanças que ocorreram no final do século XX, que por isso fomentaram novas maneiras de conceber o ensino/aprendizagem que estão calcados em três aspectos capitais: (I) a explosão da informação; (II) a multiplicação e a diversificação das formas de saber e conhecer e (III) a demanda de uma educação contínua e permanente. Explica que essa nova maneira de conceber a educação é o reflexo na maneira pela qual as escolas estão encarando e trabalhando seus métodos e metas ao que diz respeitos à relação existente entre professor/aluno e as atividades que vêm sendo desenvolvidas em sala de aula. Essas mudanças significativas não podem garantir que brevemente haja um retrocesso ao que está sendo trabalhado, já que é conhecido por todos que há uma parcela de profissionais da educação que resistem a qualquer tipo de mudança que possa ocorrer na estrutura escolar, pois sua continuidade e efetivação, desta medida, dependerão das compreensões, do envolvimento e da possibilidade que podem tornam possíveis essas mudanças, tanto do corpo docente, como do corpo discente em suas ações concretas na sala de aula, pois é a partir delas que irá se efetivar tais mudanças. Indica que a concepção entre ensinar e aprender representa o que é denominada de cultura educacional tanto a dominante quanto na cultura cognitiva dos professores, porém muitas vezes entra em atrito com as propostas educacionais de cunho tradicional, criando-se, na maioria dos casos, impasses que dificultam as mudanças que são necessárias. E como forma de sair ou de se evitar tais impasses propõe que sejam feitas, também, mudanças nas teorias implícitas do corpo docente para que assim seja ele agente dessa mudança e possibilite aos seus alunados não só a compreensão do que é a aprendizagem, como também possam se beneficiar dela. Ao que diz respeito à evolução que vem ocorrendo no sistema educacional considera que ela pode ser resumida em três teorias: (I) epistemológicos – está relacionada com a questão: qual é a relação entre o conhecimento do sujeito e o seu objeto?; (II) ontológicos: está em sintonia com a questão: que espécie de entidade é a aprendizagem? e (III) conceituais: está entrelaçada com a questão: que tipo de relações há entre os elementos que compõem a teoria e como esta se estrutura? Cita a chamada “teoria direta” ou também conhecida enquanto “teoria interpretativa”, como sendo aquela que encara a aprendizagem como uma cópia da realidade e os alunos devem imitar, logo o conhecimento se torna um espelho em que os alunos devem se mirar. Com a introdução de variáveis nessa última teoria vão incorporando outras variáveis que acabam por criar uma “outra” teoria, mas acaba mantendo, em sua estrutura os mesmos patamares que concebem a aprendizagem como a reprodução do mundo real, entretanto admite que aprendizagem é um processo em que o aluno tem que ter uma atividade mental. Alerta que a teoria interpretativa às vezes é confundida com a teoria construtivista. A diferença reside no fato de que enquanto que a primeira tem como pressuposto que a aprendizagem imita a realidade e que os alunos devem ter uma capacidade mental para entende-la, a segunda tem como designo a afirmação de que o conhecimento se dá por saberes múltiplos e não por saberes adquiridos e nem concebem o saber como cópia da realidade.