2001/2002.
Delata que a ALCA não é apenas um projeto norte-americano para fazer valer o Acordo do Livre Comércio entre o poderoso país Estados Unidos da América, que possui a maior economia do mundo, e as economias subdesenvolvidas da América Latina e do Caribe. Na verdade, ela representa a política neoliberal que trabalha com os pólos dominado/dominador como forma de fazer com que o nível de dependência e de subordinação seja cada vez maior e as frágeis economias dos países em desenvolvimento nunca alcance um grau tamanho de crescimento real. Na atual conjuntura do capitalismo, um dos motivos que serve como obstáculo para o crescimento da América Latina é a exigência do neoliberalismo em privatizar tudo que seja estatal, o que permite alguns ingressos de capital, mas que se esgota rapidamente devido ao preço que se tem que pagar ao abandonar a soberania nacional, conseqüentemente, nenhum investidor estrangeiro tem a segurança de fazer investimentos em países que não possuem quase nada para privatizar, nem tampouco se autogoverna. O “canto de sereia” mais utilizado pela política neoliberal é o de verbalizar que com a entrada de capital estrangeiro os países subdesenvolvidos irão crescer e esse fator deve ser seguido a risco por toda a América Latina. A dificuldade que desemboca nas frágeis economias dos países em desenvolvimento reside no fato de que grande parte da remessa de dinheiro dos investimentos que entra, sai mui rapidamente através dos capitais especulativos de curto prazo, ocasionando crises financeiras que aumenta gradativamente a dívida externa, a governabilidade e a dependência da América Latina com relação aos países ricos, que são os credores. Para se ter uma idéia dessa constatação a dívida externa da América Latina, no ano de 1985, estava em torno de 300.000 milhões de dólares e entre os anos de 1992 e 1999 só de juros deve que pagar de juros 913.000 milhões de dólares, ou seja, na prática essa dívida compromete 56% das exportações e bens de serviço. Acrescenta que, segundo relatório das Nações Unidas, nos anos 80 o número de pobres existentes no continente latino americano correspondia a 36% de toda a população. Hoje o percentual aumentou para 44%, sendo que dos 224 milhões são pobres e 90 milhões vivem em extrema pobreza. Com a entrada do neoliberalismo na América Latina nos anos 80, acelerou a desigualdade na distribuição de renda; aumentou o desemprego; o número de trabalhadores no setor informal, sem a mínima garantia exigido pelas leis trabalhistas, cresce de maneira aterrorizante; acende novamente a cifra da mortalidade infantil; 13% de toda a população é analfabeta, sem esquecer que a taxa de homicídio, que é extremada, reflete claramente a situação de pobreza e de abandono que foi jogado esse continente. Assegura que a implantação da ALCA garante o domínio político, econômico e social por parte do governo norte-americano na América Latina e no Caribe. O “pano de fundo da ALCA” é o de impedir a integração econômica de toda a economia latino-americana. Para que isso ocorra os Estados Unidos precisa minar o MERCOSUL, que apesar de suas deficiências e limites, freia um pouco o poderio do capital estrangeiro. Lembra que as exportações de produtos tem crescido na América Latina, mas que o controle do capital ainda continua sendo norte-americano. O neoliberalismo passa a imagem de que somente ele será a única solução para os problemas que assolam os países em desenvolvimento e que não há outro caminho alternativo a ser trilhado. Os governantes que criticam ou não aceitam as imposições dos Estados Unidos são discriminados e excluídos, tendo que acatar pesadas sanções de boicote, pois com a grande área geográfica que representa a América Latina é de suma necessidade que os Estados Unidos tenham todo o controle para que o seu capital gire livremente, sem nenhum obstáculo, seja na área da economia, seja na área social, deste que corresponda aos interesses do capitalismo internacional que está encabeçado pela política norte-americana.