2002.

Indica que com o advento do modelo “taylorismo” do trabalho ocasionou, entre outros dados, a perda na satisfação de trabalhar, isso porque houve uma separação entre trabalho intelectual e trabalho manual, ficando esse relegado como uma atividade inferior. Exigiu-se também do trabalhador a disciplina do tempo a produção, a submissão à ordem e a disciplina com o corpo, acarretando conseqüências negativas, sobretudo com a saúde mental do trabalhador. Neste contexto, o profissional da educação sofreu também perante essa realidade, já que houve a proletarização também de sua atividade. Segundo Vasconcelos (1995) a prática docente ficou estruturada em dois aspectos: (1) os objetivo: refere-se aos salários, condições de trabalho, equipamentos, recursos, etc. e (2) os subjetivos: fazer referência à formação, aos valores, à opção, ao compromisso, a vontade política, etc., que somando-se a pressão social, a falta de resultados em suas atividades direciona o educador a uma tamanha satisfação que o leva ao que é conhecido como “síndrome de burnout ou a síndrome da desistência”. Considera fundamental que se compreenda que tipos de relações se dão no cotidiano do/a professor/a para que se possa detectar as origens de sua satisfação e de seu descontentamento. Pesquisa elaborada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstrou que em termos de desgastos e doenças o profissional da educação só perde para os mineiros, assim como a Confederação de Trabalhadores da Educação da Argentina evidenciou que doenças nas cordas vocais, distúrbios psíquicos, como a esquizofrenia, e problemas relacionados ao aparelho digestivo são freqüentes nos profissionais de ensino. Explica que o termo “burnout”, que não é uma definição única, serve para expressar o desânimo que os profissionais que trabalham com dependentes químicos sentem quando percebem que o esforço feito por eles não apresentou resultado e que por isso se sentem derrotados. No caso do profissional da educação, que estão sujeitos ao efeito burnout, o problema origina-se devido à indisciplina dos alunos; a insensibilidade e o autoritarismo por parte da administração, omissão dos pais; a crítica da sociedade; baixos salários; salas de aula superlotadas… são fatores que fazem com que aumento o desequilíbrio físico e psíquico dos(as) professores(as). Adiciona que a crise pela qual estão passando os profissionais da educação está calcada na crise global que passa no mundo do trabalho. É mais do que concreto afirmar que as instituições de ensino estão desmanteladas devido à política econômica ditada pelas grandes organizações financeiras internacionais, entre elas o FMI, o BIRD, o BM, etc.. Essas organizações exigem que os governantes dos países dominados façam cortes nos financiamentos, privatizem o maior número possível de órgãos públicos, aumento de horas extras sem que haja ganhos salariais compatíveis, complexidades crescentes aos educadores, que faz com que a qualidade do ensino caia significativamente na prática pedagógica. Para Esteve (1995) devido o descrédito da sociedade em presença da educação faz com que os educadores fique desmotivados, contribuindo dessa maneira para a desilusão na prática de ensino e para o “mal-estar docente”. Assim, enumerou 12 fatores que contribuem para o mal-estar: (1) aumento de exigências para com os professores; (2) inibição educativa frente a outros agentes educativos; (3) aumento das fontes de informação nas escolas; (4) ruptura social com a educação; (5) contradições da prática docente; (6) mudanças de perspectiva ao sistema educativo; (7) modificação do apoio da sociedade perante a educação; (8) o professor tem cada vez mais menos valor na sociedade; (9) escassez de material para que o professor possa trabalhar; (10) modificação nos conteúdos curriculares; (11) mudança na relação professor/aluno e (12) fragmentação no trabalho do professor. Alerta que todos esses fatores contribuem para que o professor desista de sua profissão, já que não tem perspectivas e nem enxergam um futuro promissor. Acredita que seja possível uma mudança alternativa transformadora na educação como forma de superar o modelo educacional neoliberal. Para isso, se faz necessário que os profissionais do ensino estejam organizados e detectem os reais problemas que assolam a educação, acabem com seus isolamentos dentro das escolas e faça aumentar suas relações com a sociedade civil organizada (movimentos populares, partidos políticos, familiares dos alunos, o corpo discente, etc.), aumentado sua auto-estima e fazer com que circulem informações críticas a toda categoria, como forma de resistir à crise e redefinir o novo papel que a instituição de ensino e seus profissionais devem tomar na sociedade.