Vozes, 2001.
Ao apresentar as idéias acerca do poder internacional e quais os meios alternativos existentes para a construção de uma sociedade mais justa, delata que a injustiça se tornou reinante em todas as dimensões da vida social, tanto no âmbito nacional como no contexto internacional, fruto da supremacia do capital sobre a sociedade. Como modo de manter essa supremacia as empresas jornalísticas, televisivas e radiofônicas, que são também conhecidas como “imprensas econômicas”, desempenham papéis decisivos. Basta-se observar que elas estão a serviço, única e exclusivamente, dos grupos e dos setores que pertencem à classe dominante, onde as informações que transmitem estão todas conectadas aos interesses dos setores empresariais e ao acúmulo de capital. Ao citar Strange, lembra que essa professora indicou cinco mudanças cruciais que mudou a natureza do sistema financeiro internacional: (1) inovações tecnológicas que alteraram o funcionamento dos mercados financeiros; (2) o aumento dos mercados financeiros e dos indivíduos que neles estão envolvidos; (3) mudança na maneira pela qual os bancos trabalhavam. Hoje, não possuem mais a função de ser o intermediário entre aqueles que depositam e os que emprestam. Investem de maneira massiva em operações de alto risco, visando a alta rentabilidade; (4) o aparecimento dos “tigres asiáticos” no panorama da economia mundial e (5) substituição da responsabilidade que eram dos bancos centrais (supervisão do sistema financeiro) pela regulação automática a cargo das forças de mercado. Diz que com a ascensão da burguesia financeira todos os setores da economia ficaram subordinados ao poderio do capital financeiro internacional, prejudicando de maneira corrosiva, sem precedentes, os setores da economia, deixando-a impossibilitada de gerar meios para a criação e para a distribuição de riqueza. A implicação nefasta dessa circunstância é, sem dúvida, o comprometimento do regime democrático, já que o capital financeiro detém o poder dos países, mercados internos e governos, fazendo a todos eles chantagens intermináveis. Grosso modo, pode-se afirmar que na atual conjuntura a supremacia do capital financeiro perpassa por três critérios basilares. (I) a acumulação da riqueza e do lucro independem do crescimento da economia; (II) o acentuamento da pobreza, da desigualdade social, do desemprego e da iniqüidade econômica, vem contribuindo de modo crescente e acelerado para a exclusão social, sobretudo por parte da população que é composta pelos menos favorecidos, em escala nacional e internacional e (III) o capital financeiro submete todo o sistema ao segmento especulativo do capital. Faz a denúncia de que os EUA e seus aliados utilizaram a (Organização das Nações Unidas) ONU para manter, no período de 27 anos, a ditadura de Mobutu que foi a pior que a África conheceu como meio de aniquilar alguns movimentos sociais que surgiam na década de 60, assim como os temas e os problemas referentes à educação passaram a ser controlados pelo Banco Mundial (BM); os problemas relativos à saúde saem do controle da Organização Mundial de Saúde (OMS) e passam a ser monitorados pelo Banco Mundial e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), no intuito de transferir um deslocamento das decisões das agências e instituições de respeito, de cunho internacional, com algumas ressalvas a serem feitas, como é o caso da ONU, para o controle de instituições autoritárias e tecnocráticas e com o apoio irrestrito dos “líderes” da democracia. Aponta para o fato de que é imprescindível resolver o problema da dívida externa dos paises em desenvolvimento, sobretudo a América Latina, dívida essa que já foi paga, mas continua crescendo de maneira acelerativa, como é o caso da Argentina que segui piamente as ordens impostas pelo FMI e pelo Banco Mundial, cumprindo todas as suas determinações e entregando a sua soberania nacional, mesmo assim a Argentina conseguiu a façanha de mais do que dobrar a sua dívida externa. Levando-se em consideração as rápidas mudanças que estão ocorrendo no cenário internacional e que está sendo desfavorável para o neoliberalismo e seus aliados, mesmo a todo instante ficarem na defensiva, lembra que é possível reverter essa situação. Um dos primeiros passos a ser tomado é ter como exemplo o potencial de mobilização e de organização de Porto Alegre, que está ficando evidenciado e discutido em escala internacional, na sua luta contra a ditadura global do mercado, conseguindo unificar a luta internacionalizada de todas as instituições e de indivíduos contra a ideologia e a prática da política neoliberal. “Existe, pela primeira vez em muitos anos, a consciência de que poderemos sair vitoriosos nesta empreitada histórica e essa convicção é uma das condições necessárias de toda luta. Não é suficiente, mas de trata certamente de uma condição necessária” (p. 81). Assim, não acredita na possibilidade que os governos do G7 venham tomar decisões, mesmo contra a vontade deles, de aceitarem as reivindicações para que ocorrem as mudanças que beneficie um número significativo de pessoas que estão “em baixo”. Conclama todas e todos cidadã(os) a se unirem contra a globalização neoliberal, já que ninguém está sozinho ou se encontra ileso perante as conseqüências nefasta da destruição capitalista. Claro está que será uma tarefa árdua e por demais difícil, porém jamais impossível.