Em mais uma claro episódio do autoritarismo e quebra da autonomia universitária, o general Augusto Heleno, ministro chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), nomeou uma espiã da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) como assessora da reitoria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul; nome da agente sequer foi publicado no Diário Oficial, permanecendo secreto;
Com a recente aprovação da Reforma da Previdência em primeiro turno na Camara dos Deputados, houve um conjuntural fortalecimento de Bolsonaro e uma maior legitimação para desenvolver novos ataques. A educação em geral já estava na mira há algum tempo, mas as universidades em particular, são um alvo necessário, pois representam hoje o principal setor social que se levantou massivamente em oposição ao governo.
O projeto Future-se que é abertamente um viés ideológico dentro das universidades, irá cortar verbas, inclusive elevando ainda mais os cortes de universidades que correm risco de fechar, e ainda concederá o espaço das universidades gratuitamente para as OS. Tudo isso está combinado a mais cortes na pesquisa e caminhar no sentido de uma ideia que sempre foi bastante minoritária de cobrar mensalidades nas universidades públicas.
Desde a enorme manipulação nas eleições presidências, vimos uma crescente intervenção autoritária nas universidades e sua quebra de autonomia. Um caso anterior, mas que já revelava desde o golpe institucional este sentido foi a demora do Reitor da UFABC poder assumir seu cargo, após ter ganho as eleições paritárias.
Depois em meio as eleições, o movimento estudantil foi censurado em diversas universidades por se mobilizar contra a enorme manipulação que ocorriam nas eleições e a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro.
Recentemente, o sobrinho de Bolsonaro foi premiado com um cargo para perseguir Reitores que, segundo o clã Bolsonaro, são comunista, recebendo nada menos do que 22 mil. E agora, Weintraub irá escolher diretamente os diretores de faculdade.
Esses caminhos conduziram até que o general Augusto Heleno, ministro chefe do GSI, nomeou uma espiã da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) com assessora da reitoria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Aumentando assim o controle dos setores reacionários contra a autonomia universitária, uma vez que, entende-se esta ação como uma forma de arbitrariamente interferir no funcionamento interna desta instituição.
O movimento estudantil depende da aliança com os trabalhadores pra vencer
Este avanço do autoritarismo e da interferência nas universidades deve ser tomado com muito asco e repulsa pela juventude que quer o livre conhecimento, a defesa do pensamento cientifico contra o obscurantismo pregado pelos terraplanistas e Bolsonaristas. Todavia, este enorme ataque também desnuda questões cruciais que podem permitir um enorme avanço na consciência de milhares de jovens em todo o país de como podemos lutar e vencer nossos inimigos.
Em primeiro lugar, há um enorme desespero por parte das burocracias acadêmicas da instabilidade do futuro das universidades. Se antes parecia que os próprios Reitores e professores poderiam decidir os rumos da universidade ou manter por si só suas decisões, mais do que nunca, demonstra-se o caráter de classe da universidade e de como esta instituição está subordinada aos determinados interesses de classe, que no momento, visam submeter o Brasil a um processo profundo se aumento da exploração e forte espoliação imperialista, reafirmando o lugar de “fazendo do mundo”.
Se antes os interesses dos estudantes já eram antagônicos com os de suas reitorias, uma vez que nós queremos o acesso irrestrito da juventude na universidade, o ensino da história de luta e das culturas negras, indígenas, das mulheres e LGBT. Porque queremos construir uma universidade que coloque seu conhecimento à serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, enquanto as reitorias querem manter este espaço para uma ínfima parte e garantir que tudo produzido esteja ao agrado do mercado, agora eles lutam pela miséria universidade que nos apresentaram, e nós precisamos seguir lutando contra cada retrocesso sem abrir mão do projeto de universidade que queremos.
Por isso, o 57° Congresso da UNE era tão importante. Como primeiro Congresso no governo Bolsonaro, na semana da aprovação da Reforma da Previdência e pós um levante massivo de jovens, era fundamental tirar lições para organizar nossa luta. Infelizmente, como publicamos aqui, apesar da enorme disposição de milhares de jovens, a burocracia estudantil dirigida pelas juventudes do PT e do PCdoB organizaram um Congresso sem qualquer intenção de bater seriamente os processos políticos e de mobilização que ocorreram, não puderam responder porque seus governadores apoiaram a Reforma da Previdência e não propuseram nenhum plano sério para enfrentar o Bolsonarismo, o autoritarismo judiciário e os ataques.
Por isso, reafirmamos o chamado que fizemos a Oposição de Esquerda que volte nas universidades e construa plenárias de base para debater um balanço do que foi este Congresso, e assim ouvir os estudantes e elaborar coletivamente um sério plano de lutas, que passe por exigir da ala majoritária plenárias em todo o país para fazer o dia 13 de agosto, um verdadeiro dia de luta contra o Future-se e também contra a Reforma da Previdência. Não podemos permitir que a direção da UNE junto com as centrais sindicais sigam separando as lutas e bandeiras dos estudantes dos trabalhadores.
Para enfrentar estas medidas autoritárias é preciso constituir este polo anti-burocrático para que possamos deixar a Oposição “em palavras” para se tornar algo concreto, palpável que nos permita superar as burocracias e passar por cima com a força da aliança entre estudantes e trabalhadores.