Em Marcação, no litoral da PB, tanto a prefeita eleita quando os vereadores são da etnia Potiguara. Ao todo, nove indígenas foram eleitos para prefeituras em todo o Brasil.
Por Phelipe Caldas, Ana Beatriz Rocha, g1 PB e TV Cabo Branco
A candidata Ninha (PSD), de Marcação, no Litoral Norte da Paraíba, foi a única mulher indígena a ser eleita prefeita no Brasil nas Eleições 2024. Ela é da etnia Potiguara e conquistou 76,79% dos votos válidos no pleito desse domingo (6), o que corresponde a 4.922 votos.
“Como todos sabem, eu sou descendente indígena Potiguara, com muito orgulho. Eu comecei a trabalhar aos 15 anos de idade na gestão pública. Meus avós, Severina e João Correia, já eram políticos, não por eleição, mas políticos de sangue, pela vontade que eles tinham de ver Marcação crescendo. Eu sou muito grata a eles pela criação que nos deram, por essa ancestralidade Potiguara e indígena, que também está no sangue”, afirmou Ninha.
Ela derrotou na disputa Angélica Barreto (Republicanos), outra candidata indígena da etnia Potiguara. Angélica conquistou 23,31% dos votos válidos, o que corresponde a 1.496 votos.
Marcação tem tradição de eleger mulheres indígenas. A atual prefeita, Lili (DEM), também é indígena Potiguara e apoiava a candidata que saiu vitoriosa na disputa.
Outra curiosidade com relação à cidade é que todos os nove vereadores eleitos são indígenas. Compõem a Câmara Municipal de Marcação cinco homens e quatro mulheres, sendo que apenas três deles foram reeleitos. A renovação, assim, foi de 33,3%. Nas eleições de 2020, oito dos nove vereadores eleitos eram indígenas.
Apesar de prefeita e vereadores eleitos serem todos indígenas em Marcação, o vice-prefeito eleito, Zé Pedro (União Brasil), se autodeclarou pardo.
Cidade com maioria indígena
Toda essa força dos povos indígenas em Marcação não é à toa. Segundo o Censo de 2022, o município possui 8.999 habitantes, sendo que 88,08% do total são indígenas.
Isso significa que a população indígena é de 7.926 pessoas, sendo que 5.644 têm idade para votar.
Outros indígenas eleitos
Na Paraíba, 22 candidatos indígenas foram eleitos. Além da prefeita e de toda a Câmara de Marcação, o candidato a vice-prefeito de Baía da Traição, Toninho de Rosa, foi eleito.
Baía da Traição é outro município do Litoral Norte da Paraíba, que tem limite com Marcação, e Toninho também é da etnia Potiguara. Para a Câmara Municipal, seis dos nove eleitos são indígenas. Vereadores indígenas também foram eleitos em Rio Tinto (4) e Guarabira (1).
Em nível nacional, outros oito prefeitos indígenas foram eleitos, todos homens. São dois de Roraima, dois de Pernambuco, dois de Minas Gerais, um do Amazonas e um de Alagoas.
Confira todos os nove prefeitos e prefeita indígenas eleitos nas Eleições 2024:
- Tony de Campinhos (MDB) – Pariconha (AL) – etnia não informada
- Egmar Curubinha (PT) – São Gabriel da Cachoeira (AM) – etnia Tariana
- Anastácio Guedes (PT) – Manga (MG) – etnia Xacriabá
- Jair Xakriabá (Republicanos) – São João das Missões (MG) – etnia Xacriabá
- Ninha (PSD) – Marcação (PB) – etnia Potiguara
- Elizinho (PSDB) – Carnaubeira da Penha (PE) – etnia não informada
- Cacique Marcos (Republicanos) – Pesqueira (PE) – etnia Xucuru
- Dr. Raposo (PP) – Normandia (RR) – etnia Makuxí
- Tuxaua Benísio (REDE) – Uiramutã (RR) – etnia Makuxí
Foram eleitos também outros 11 vice-prefeitos e 221 vereadores em outros estados do país. No total, 2.578 candidaturas indígenas foram registradas em todo o Brasil.