Memorando da CIA revela que ex-presidente permitiu a continuidade de ações contra opositores. Levantamento do G1 com base em dados da Comissão da Verdade identificou quantos foram alvo dessa política.
Por Vitor Sorano, Amanda Polato, Vanessa Fajardo, Carol Prado e Luiza Tenente, G1, São Paulo
Oitenta e nove pessoas morreram ou desapareceram no Brasil por motivos políticos, a partir de 1º de abril de 1974 e até o fim da ditadura, segundo levantamento do G1 com base nos registros da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Foi a partir desta data que o general Ernesto Geisel, então presidente do Brasil, autorizou execução de opositores, segundo documento da CIA tornado público recentemente pelo governo americano.
De acordo com o levantamento do G1, além dos 89 casos confirmados, há outras 11 pessoas que podem ter morrido ou desaparecido a partir de 1º de abril de 1974 – a data não foi esclarecida pela CNV. Além disso, pode haver mortes e desaparecimentos durante esse período da ditadura que não foram
Entre as vítimas desse período, estão o jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 25 de outubro de 1975 após se apresentar voluntariamente ao Centro de Operações de Defesa Interna, um órgão militar da ditadura; e o metalúrgico Manoel Fiel Filho, que foi torturado até a morte, em 17 de janeiro de 1976, nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do II Exército, em São Paulo.
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As informações sobre as vítimas do regime militar estão nos relatórios da CNV, que foi criada para apurar violações de diretos humanos entre 1946 e 1988.
Embora tenha feito uma extensa pesquisa histórica, não foi essa comissão que revelou o reconhecimento explícito de que decisões sobre morte de opositores foram tomadas pelo Planalto.
A confirmação está um memorando da CIA (a agência de inteligência americana), descoberto pelo pesquisador Matias Spektor, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com data de 11 de abril de 1974, o documento foi tornado público em 2015 pelo governo americano.
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O documento foi elaborado pelo então diretor da CIA, William Egan Colby, e endereçado ao secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger. Colby relata um encontro que teria acontecido em 30 de março de 1974.
Dele, participaram Geisel e João Batista Figueiredo, que era chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) e que viria a ser presidente entre 1979 e 1985, além dos generais Milton Tavares de Souza, que comandava o Centro de Inteligência do Exército (CIE), e Confúcio Danton de Paula Avelino, que viria a subistitui-lo no CIE.
O general Milton, segundo o documento, disse que o Brasil não poderia ignorar a “ameaça terrorista e subversiva”, e que os métodos “extra-legais deveriam continuar a ser empregados contra subversivos perigosos”.
No ano anterior, 1973, 104 pessoas “nesta categoria” foram sumariamente executadas pelo CIE. Segundo o diretor da CIA, Figueiredo apoiou a política e pediu a sua continuidade.
Geisel pediu para pensar durante o fim de semana. No dia 1º de abril, Geisel e Figueiredo decidiram seguir com ações, mas destacaram que apenas “subversivos perigosos” deveriam ser executados. Figueiredo concordou que, quando o CIE apreendesse alguém, ele seria consultado e aprovaria ou não a execução.
Dinalva Oliveira Teixeira
Local do desaparecimento: a informação não é exata. São possibilidade São Domingos do Araguaia ou São Geraldo do Araguaia (PA) ou Xambioá (TO) ou Serra das Andorinhas ou no igarapé Taurizinho, bem próximo de Marabá (PA), Casa Azul, em Marabá (PA)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Atuou na guerrilha do Araguaia (TO). Há várias versões sobre a sua morte.
Lucio Petit da silva
Local do desaparecimento: não informado
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Foi militante em SP e juntou-se à guerrilha do PCdoB no sudeste do Pará. Foi visto pela última vez em 14/1/1974, após confronto com os militares, segundo consta no “Relatório Arroyo”, mas depoimentos apresentaram versões diferentes sobre o desaparecimento.
Elmo Correa
Local do desaparecimento: a 5 ou 6 km da Base do Mano Ferreira, próximo a Palestina (PA)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Participou ativamente do movimento estudantil, mudou-se para localidade próxima ao rio Araguaia e foi vítima de desaparecimento forçado na região.
José Huberto Bronca
Local do desaparecimento: a 5 ou 6 km da Base do Mano Ferreira, próximo A Palestina (PA) ou Área da Formiga, em Brejo Grande do Araguaia (PA)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Foi enviado para a China como chefe de delegação de um grupo de militantes comunistas que recebeu treinamento político e militar de guerrilha. De volta ao Brasil, juntou-se ao movimento no sudeste do Pará. Teria sido visto com vida pela última vez em 25 de dezembro de 1973, no episódio que ficou conhecido como Chafurdo de Natal. Foi vítima de desaparecimento forçado.
Luisa Augusta Garlippe
Local do desaparecimento: Casa Azul, Marabá (PA)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Desenvolveu trabalho relacionado à saúde e higiene na região do rio Gameleira. Foi uma das 15 pessoas presentes no acampamento da Comissão Militar da guerrilha quando este foi alvo dos militares no episódio conhecido como Chafurdo de Natal, segundo o Relatório Arroyo. Não se sabe, porém, se ela morreu na ocasião.
Dinaelza Santana Coqueiro
Local do desaparecimento: Casa do Arlindo Piauí, na altura do km 114 da rodovia que liga São Geraldo (PA) a Marabá (PA)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Participou do movimento estudantil na Bahia e atuou na região do rio Gameleira, na Guerrilha do Araguaia. Depoimentos indicam que foi abordada na mata e levada para ser interrogada. Como não teria fornecido nenhuma informação e teria cuspido nos militares, foi executada.
Suely Yumiko Kanayama
Local do desaparecimento: não há uma informação exata. As possibilidades são Palestina (PA), Brejo Grande do Araguaia (PA) ou Xambioá (TO)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Estudante de São Paulo, integrou a guerrilha do Araguaia com o codinome Chica. Foi vítima de desaparecimento forçado durante a Operação Marajoara, realizada contra o movimento armado a partir de 1973.
Uirassu de Assis Batista
Local de desaparecimento: São Domingos do Araguaia (PA)
Organização política: Partido Comunista do Brasil
Participou da militância estudantil e do movimento no Pará. Seu nome consta em uma lista de guerrilheiros do Araguaia com morte em abril de 1974.
João Massena Melo
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Foi eleito vereador do Rio de Janeiro pelo PCB e deputado estadual do estado da Guanabara, mas teve seus mandatos cassados. Foi preso e torturado em 1970. Em abril de 1974, saiu de casa pela madrugada e não voltou.
Luiz Inácio Maranhã Filho
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro
Foi a Cuba em 1964 a convite de Fidel Castro e, de volta ao Brasil, foi preso e torturado. Depois de libertado, atuou na relação do PCB com setores da Igreja Católica. Desapareceu aos 53 anos, quando foi preso por agentes do Estado em uma praça pública.
Walter de Souza Ribeiro
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro
Foi um dos indiciados e condenado a 3 anos de reclusão no caso conhecido como “Cadernetas de Prestes”. Desapareceu em abril de 1974, após avisar para conhecidos que sairia para almoçar e retornaria em breve.
Ieda Santos Delgado
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN)
Foi militante da ALN e desapareceu aos 28 anos, ao viajar para cumprir tarefas do movimento.
Ana Rosa Kucinski ou Ana Rosa Silva
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN)
Foi casada com o físico Wilson Silva. Desapareceu na companhia do marido, quando foi presa por agentes do Estado brasileiro.
Wilson Silva
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN)
Ao lado da mulher, Ana Rosa, foi militante da ALN. Teve sua atuação ligada às questões operárias. Desapareceu aos 32 anos, quando foi preso por agentes da repressão. política ligada às questões operárias.
Batista
Local de desaparecimento: Base Militar de Xambioá (TO)
Há poucas informações sobre ele, que teria sido um dos moradores locais que aderiu à Guerrilha do Araguaia. Ele teria desparecido no episódio conhecido como “Chafurdo de Natal”, de 1973.
Thomaz Antonio da Silva Meirelles Netto
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN)
Participou de movimentos estudantis. Ganhou uma bolsa da União Soviética para estudar em Moscou. Quando voltou ao Brasil, foi preso três vezes e torturado.
Issami Nakamura Okano
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN)
Iniciou a militância quando era estudante de química da USP. Foi levado para a “Casa da Morte”, em Petrópolis (RJ), onde teria sido torturado e morto.
Ruy Frasão Soares
Local de desaparecimento: Petrolina (PE)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Participou do movimento estudantil na UFPE. Foi preso e torturado em 1962. Desapareceu após ter sido espancado por policiais.
Aurea Eliza Pereira
Local de desaparecimento: Cemitério de Xambioá (TO) ou 23° Batalhão de Infantaria da Selva Marabá (PA), ou Base militar de Xambioá (TO)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Participou do movimento estudantil e integrou um grupo de guerrilha. Desapareceu durante a Operação Marajoara, da 8ª Região Militar (Belém).
Daniel Ribeiro Callado
Local de desaparecimento: Xambioá (TO)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Metalúrgico, chegou a atuar nas Forças Armadas. Integrou grupo de guerrilha e desapareceu após ser detido pelo Exército.
Daniel José de Carvalho
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu, Foz do Iguaçu (PR)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Foi metalúrgico no ABC paulista. Em 1970 foi preso e torturado pela atuação política. Morreu em uma emboscada armada por agentes infiltrados.
Enrique Ernesto Ruggia
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu, Foz do Iguaçu (PR)
Estudante argentino, queria se engajar na guerrilha latino-americana. Morreu em uma emboscada armada por agentes infiltrados.
Joel José de Carvalho
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu, Foz do Iguaçu (PR)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Era operário gráfico e viveu exilado no Chile e Argentina. Morreu em uma emboscada armada por agentes infiltrados.
José Lavecchia
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu, Foz do Iguaçu (PR)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Defendia a luta armada. Viveu na Argélia, Cuba, Chile e Argentina. Morreu em uma emboscada armada por agentes infiltrados.
Onofre Pinto
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu, Foz do Iguaçu (PR)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Ex-sargento do Exército, foi um dos presos políticos libertados em troca do embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick. Exilou-se no México, Cuba e Argentina. Morreu em uma emboscada armada por agentes infiltrados.
Vitor Carlos Ramos
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu, Foz do Iguaçu (PR)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Escultor, viveu exilado no Uruguai, Chile e Argentina, por causa das posições políticas. Morreu em uma emboscada armada por agentes infiltrados.
Tito de Alencar Lima
Local de desaparecimento: Convento Sainte-Marie de La Tourette, França
Frei da Igreja Católica e militante do movimento estudantil, foi preso duas vezes e torturado. Exilou-se no Chile e na França, onde se matou. Enfrentava graves consequências psiquiátricas das torturas.
José Maurício Patrício
Local de desaparecimento: Região do Saranzal, Brejo Grande do Araguaia (PA)
Organização política; Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Militante do movimento estudantil, participou da Guerrilha do Araguaia. Não se sabem as circunstâncias do desaparecimento e morte.
Jane Vanini
Local de desaparecimento: Concepción, Chile
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN), Movimento de Libertação Popular (Molipo) e Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR) do Chile
Era jornalista quando decidiu apoiar a ALN. Passou a ser perseguida e se exilou no Uruguai, Cuba e Chile. Morreu em enfrentamento com as forças da repressão chilena.
Afonso Henrique Martins Saldanha
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Era professor e sindicalista. Foi preso e torturado por 42 dias, o que contribuiu para desencadear o processo de metástase que o levou à morte.
Walkíria Afonso Costa
Local de desaparecimento: Xambioá (TO)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Militante do movimento estudantil, participou da Guerrilha do Araguaia. Foi vista pela última vez no “Chafurdo de Natal”, um ataque ocorrido em 25 de dezembro de 1973.
Antonio Ferreira Pinto
Local de desaparecimento: Sudeste do Pará
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Juntou-se à guerrilha do PCdoB no sudeste do Pará. Foi visto pela última vez por seus companheiros em 14 de janeiro de 1974, em um tiroteio com as Forças Armadas. Em sua certidão de óbito, não consta data específica de morte.
Telma Regina Cordeiro Correa
Local do desaparecimento: Xambioá (TO)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Foi militante no movimento estudantil e deslocada para a região do Araguaia para ajudar na guerrilha. Fontes indicam que teria sido vítima de desaparecimento forçado.
Oswaldo Orlando da Costa
Local do desaparecimento: Saranzal, perto de São Domingos (PA) ou Xambioá (TO) ou Brasília (DF)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Foi um dos primeiros militantes comunistas a chegar à região do Araguaia, por volta de 1966. Relatos indicam que foi ferido com um tiro e, em seguida, fuzilado por soldados.
Pedro Alexandrino Oliveira Filho
Local de desaparecimento: Palestina (PA) ou Xambioá (TO)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Atuou no movimento estudantil, foi preso e torturado em 1969. Ao sair da prisão, mudou-se para a região do rio Gameleira. Informações referentes às circunstâncias de sua morte são escassas.
Elson Costa
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Jornalista e militante político, chegou a ser preso. Depois de solto, passou a viver na clandestinidade e foi morto pela “Operação Radar”.
Hiran de Lima Pereira
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Era jornalista, ator e administrador público. Após o golpe, passou a viver clandestinamente. Segundo relatos, ele teria sido levado a um centro clandestino da repressão, onde o torturaram e o mataram. Em seguida, os agentes teriam jogado seu corpo no Rio Novo.
Jayme Amorim de Miranda
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Jornalista e advogado, foi preso e depois passou a viver na clandestinidade. Foi preso de novo em 1975, na “Operação Radar”. Seu paradeiro e as circunstâncias da morte são desconhecidos até hoje.
Nestor Vera
Local de desaparecimento: Belo Horizonte (MG)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Foi membro do Comitê Central do PCB e o principal responsável pelo setor camponês. Desapareceu depois de ter sido sequestrado por agente do Estado brasileiro na “Operação Radar”, uma grande ofensiva do Exército com o objetivo de dizimar a direção do PCB.
Flávio Ferreira da Silva
Local de desaparecimento: Belo Horizonte (MG)
Foi o primeiro prefeito eleito de Três Marias (MG), cidade emancipada em 1º de março de 1963, mas teve seu mandato cassado pelo primeiro Ato Institucional, decretado após o golpe militar de abril de 1964. Foi preso e recolhido ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), onde permaneceu por algum tempo incomunicável. Continuou sendo monitorado até o momento de sua morte, quando foi atingido por disparos de armas de fogo, em ação de agentes do Estado.
Itair José Veloso
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Durante o governo de João Goulart, foi líder de delegações de sindicalistas brasileiras em encontros internacionais na União Soviética e na China. Após o golpe de 1964, Itair José Veloso foi perseguido pela repressão e sua residência foi invadida por agentes da Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de Niterói (RJ). Desapareceu após sair de casa para encontrar companheiros do PCB.
Alberto Aleixo
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Alberto Aleixo trabalhava em gráficas do PCB, que foram invadidas pela polícia. Ele foi preso em sua residência, no dia 29 de janeiro de 1975, e conduzido para as dependências da Delegacia de Ordem Política e Social da Guanabara (DOPS/GB). Após dois meses, foi internado sob escolta policial e morreu.
José Ferreira de Almeida
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Desde a década de 1940, esteve empenhado na montagem de um núcleo comunista no interior da polícia paulista. Foi preso junto com outros 62 policiais.
José Maximino de Andrade Netto
Local de desaparecimento: Campinas (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Foi perseguido por ser um dos líderes do PCB. Após ser preso e torturado, morreu no hospital, uma semana depois de ser liberado.
Armando Teixeira Fructuoso
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Integrou o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Desapareceu dias após passar pelo DOI-CODI.
Pedro Jerônimo de Sousa
Local de desaparecimento: Fortaleza (CE)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
A partir do golpe de 1964, atuou na clandestinidade e participou do Diretório Municipal do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em Fortaleza (CE). Morreu aos 63 anos de idade, sob torturas, em ação dos agentes do Estado.
José Montenegro de Lima
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
No pós-golpe militar, foi condenado em Inquérito Policial Militar instaurado contra a União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras entidades estudantis. Desapareceu em 29 de setembro de 1975, aos 27 anos, quando foi preso em São Paulo, por quatro agentes policiais.
Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Advogado e jornalista, responsável pela edição de duas publicações comunistas: Imprensa Popular e Novos Rumos. Desapareceu em outubro de 1975, aos 59 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de agentes do Estado.
Vladimir Herzog
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Jornalista que trabalhou em O Estado de S. Paulo, BBC e TV Cultura. Começou a ser vigiado pelos agentes de repressão sob a suspeita de que estaria envolvido com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Após ser convocado pelo DOI-CODI, foi morto nas dependências do órgão.
João Leonardo da Silva Rocha
Local de desaparecimento: Palmas de Monte Alto (BA)
Organização política: Movimento de Libertação Popular (Molipo)
Foi um dos poucos sobreviventes do Movimento de Libertação Popular (Molipo) depois de intensa perseguição ao grupo no norte de Goiás e oeste da Bahia. Em um episódio ainda não completamente esclarecido, João Leonardo foi executado por agentes da Polícia Militar da Bahia em Palmas de Monte Alto (BA).
Neide Alves dos Santos
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Em 1975, Neide militava no PCB, com o codinome Lucia, e atuava no setor de agitação e propaganda com a divulgação do jornal mensal Voz Operária. Ela morreu aos 31 anos em decorrência de ação de agentes do Estado.
Manoel Fiel Filho
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Operário metalúrgico responsável pela difusão do jornal Voz Operária, no Partido COmunista Brasileiro (PCB). Foi conduzido para o DOI-CODI, onde morreu.
Sidney Fix Marques dos Santos
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Organização política: PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista)
Exilou-se em Buenos Aires após ter seus direitos políticos cassados. Desapareceu na capital argentina.
Francisco Tenório Cerqueira Júnior
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Compôs músicas, lançou discos, participou de vários festivais e realizou turnês no Brasil e no exterior, ao lado de consagrados nomes da música brasileira. Desapareceu seis dias antes do golpe militar que derrubou a presidente da Argentina María Estela Martinez Perón (Isabelita).
Ary Cabrera Prates
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Organização política: Resistencia Obrero Estudiantil (ROE), Partido por la Victoria del Pueblo (PVP)
Ingressou no Banco do Brasil, trabalhou como bancário e iniciou sua militância na Asociación de Empleados Bancarios del Uruguay (AEBU), motivo pelo qual se tornaria visado pelos órgãos de repressão.
Sérgio Fernando Tula Silberberg
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Atuou como professor, seguindo a carreira dos pais. Foi sequestrado por agentes do Estado argentino na cidade de Buenos Aires, na madrugada do dia 8 de abril de 1976.
Maria Regina Marcondes Pinto
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Organização política: Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR)
Além da militância política, Maria Regina trabalhava como professora de português. Desapareceu no mesmo dia de Edgardo Enriquez Espinosa, líder do MIR chileno.
Zuleika Angel Jones
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
A estilista Zuzu Angel teve um dos filhos, Stuart Angel Jones, perseguido pela ditadura por sua militância política. Passou a denunciar, no Brasil e no exterior, as circunstâncias de prisão, tortura, morte e ocultação do corpo de seu filho. Todas as iniciativas de Zuzu contribuíram para o desgaste da imagem internacional da ditadura brasileira, causando incômodo nos meios governamentais. Foi ameaçada e monitorada. Morreu após um acidente de carro.
Jorge Alberto Basso
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Organização política: Partido Operário Comunista (POC); Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR-Chile)
Participou de movimentos estudantis e de partidos políticos comunistas. Na capital argentina, trabalhou como jornalista até a data de seu desaparecimento, em 15 de abril de 1976
Maria Auxiliadora Lara Barcellos
Local de desaparecimento: Berlim Ocidental (Alemanha)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VAR-Palmares)
Sofreu torturas na prisão e ficou traumatizada. Exilou-se na Alemanha, mas não conseguiu se recuperar. Suicidou-se aos 30 anos, atirando-se nos trilhos de uma estação de metrô de Berlim.
Massafumi Yoshinaga
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Foi militante da VPR e chegou a atuar na região do Vale do Ribeira, onde ocorriam treinamentos de guerrilha. Morreu aos 27 anos, após cometer suicídio, em decorrência de traumas resultantes de ações de agentes do Estado.
David Eduardo Chab Tarab Baabour
Local de desaparecimento: Buenos Aires (Argentina)
David não tinha militância política conhecida. Seu apartamento foi invadido por civis armados, que o sequestraram. Ele continua desaparecido.
Marcos Basílio Arocena da Silva Guimarães
Local de desaparecimento: Buenos Aires (Argentina)
Era estudante universitário, escritor e dramaturgo. Não tinha militância política conhecida e desapareceu em 1976, aos 35 anos de idade, em ação perpetrada por agentes do Estado argentino.
Walter Kenneth Nelson Fleury
Local de desaparecimento: Buenos Aires (Argentina)
Organização política: Organización Comunista Poder Obrero (OCPO)
Trabalhava como mecânico da montadora automobilística Fiat, em Buenos Aires, onde também atuava como delegado sindical. Foi sequestrado junto com sua companheira por agentes da repressão argentina.
Antônio de Araújo Veloso
Local de desaparecimento: São João do Araguaia (PA)
Abrigou, em sua casa, guerrilheiros do sul do Pará. Sua esposa e conhecidos afirmam que seu falecimento foi uma consequência direta do sofrimento que vivenciou enquanto esteve preso, no ano de 1972.
Feliciano Eugênio Neto
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Foi preso pelo DOI/CODI . Dias antes da data em que seria posto em liberdade pelo cumprimento da pena de 6 meses, deu entrada no Hospital das Clínicas de São Paulo para realizar uma intervenção cirúrgica urgente. Ele morreu durante a operação.
João Bosco Penido Burnier
Local de desaparecimento: Ribeirão Cascalheira (MT)
Organização política: Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Era um sacerdote que praticava integralmente os preceitos da pobreza evangélica. Em 1976, ano de sua morte, desempenhava a função de coordenador regional do Cimi. Foi alvejado com dois tiros na cabeça por agente do Estado.
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Participou da movimentação política da década de 90, foi preso, fugiu da prisão e foi executado na “Chacina da Lapa”
João Batista Franco Drumond
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Participou da militância política e dos movimentos estudantis, foi preso e morreu na “Chacina da Lapa”
Ângelo Arroyo
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos nos anos de 1950, Ângelo liderou inúmeras greves e manifestações, tendo sido preso várias vezes em função de sua atuação. Atuou na Guerrilha do Araguaia e elaborou o Relatório Arroyo, reconhecido como o relato mais completo sobre os mortos e desaparecidos naquele episódio.
Roberto Adolfo Val Cazonia
Local de desaparecimento: La Plata (Argentina)
Organização política: militante Montonero
Nasceu na Argentina, foi sequestrado junto com outros estudantes e nunca mais apareceu.
Zelmo Bosa
Local de desaparecimento: Rio Grande do Sul
Organização política: Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
Foi agricultor e vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Chegou a ser preso várias vezes. Embora as informações sejam imprecisas, seus familiares e amigos alegam que ele teria desaparecido por volta de 1976.
Roberto Rascado Rodriguez
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Organização política: Unión de Estudiantes Secundários (UES)
Era militante de movimentos estudantis, foi sequestrado dentro de casa. Nunca mais foi visto.
Lourenço Camelo de Mesquita
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Morreu aos 51 anos nas dependências do presídio do Exército.
Juvelino Andrés Carneiro da Fontoura Gularte
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Organização política: Partido Comunista Revolucionário (PCR) do Uruguai
Militava no partido comunista, foi preso junto com a esposa. Porém foi transferido para um destino desconhecido e nunca mais foi visto.
José Soares dos Santos
Local de desaparecimento: Parque Nacional do Iguaçu (PR)
Participou da Guerrilha de Três Passos, seu corpo foi encontrado com sinais de tortura e mutilações.
Therezinha Viana de Assis
Local de desaparecimento: Amsterdã (Holanda)
Organização política: Ação Popular (AP)
Foi exilada para o Chile, depois buscou asilo político na Holanda, foi perseguida, morta e torturada.
Manoel Custódio Martins
Local de desaparecimento: Santiago do Chile
Organização política: Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
Procurado por suas atividades políticas, se mudou para o Uruguai e depois para o Chile. Por conta da perseguição política, teve depressão e se matou.
Odair José Brunocilla
Local de desaparecimento: Santos (SP)
Desapareceu supostamente em decorrência de seu envolvimento no fornecimento de documentos que facilitavam a entrada e a saída de perseguidos políticos e estrangeiros no Brasil.
Norberto Armando Habegger
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Montoneros
Era jornalista, nascido na Argentina, denunciava atrocidades cometidas pela ditadura. Desapareceu ao desembarcar no RJ.
José Pinheiro Jobim
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Partido Comunista Brasileiro
Trabalhou como jornalista, diplomata, casou-se com a irmã da mãe de Fernando Collor. Foi sequestrado, foi encontrado morto por enforcamento. Ele pretendia denunciar um esquema de corrupção envolvendo a construção da hidrelétrica de Sete Quedas.
Adauto Freire da Cruz
Local de desaparecimento: entre Rio de Janeiro e Teresópolis (RJ)
Organização política: Ligas Camponesas
Participou das lutas grevistas pelos trabalhores da construção civil, foi preso três vezes por conta disso. Depois do golpe, foi indiciado e morreu por conta de um infarto após ter sido espancado.
Orocílio Martins Gonçalves
Local de desaparecimento: Belo Horizonte (MG)
Organização política: Movimento dos Trabalhadores na Construção Civil
Líder sindical morreu após ter sido alvejado por um tiro disparado pela PM, depois de detido e espancado durante passeata dos operários da construção civil.
Benedito Gonçalves
Local de desaparecimento: Divinópolis (MG)
Morreu seis dias após ter sido agredido por golpes de cassetete na cabeça desferidos pela PM enquanto participava de uma greve em frente à fábrica onde trabalhava.
Guido Leão
Local de desaparecimento: Betim (MG)
Era metalúrgico, foi morto em manifestação, atropelado por agentes policiais.
Santo Dias da Silva
Local de desaparecimento: São Paulo (SP)
Organização política: Membro da Pastoral Operária de São Paulo, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), membro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e integrante do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA/SP)
Operário, atuava na defesa do direito dos trabalhadores, sofreu perseguição política. Foi assassinado por agentes do Estado durante manifestação sindical.
Luiz Renato Lago Faria
Local de desaparecimento: Buenos Aires, Argentina
Era brasileiro, mas morava em Buenos Aires, cursava medicina. Há versões de que foi sequestrado na rua ou teria desaparecido em uma estação do metrô.
Horacio Domingo Campiglia
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Montoneros
Era argentino e fazia parte do comando militar ligado ao peronismo. Foi sequestrado e morto.
Mônica Susana Pinus de Binstock
Local de desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Montoneros
Era militante da organização de luta armada, foi baleada em um confronto com um grupo ligado a Aliança Anticomunista da Argentina.
Raimundo Ferreira Lima
Local de desaparecimento: Araguaína (TO)
Organização política: Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Comissão Pastoral da Terra
Era sindicalista, foi sequestrado dentro de um hotel, torturado e morto com dois tiros nas costas.
Lorenzo Ismael Viñas
Local do desaparecimento: entre os municípios de Paso de los Livres e Uruguaiana, fronteira entre Argentina e Brasil
Organização política: Montonero
Ligado ao movimento estudantil, foi perseguido, preso e considerado desaparecido.
Jorge Oscar Adur
Local do desaparecimento: Paso de los Libres-Uruguaiana, região fronteiriça entre Argentina e Brasil
Organização política: Montonero
Padre estava no Brasil para presenciar a visita de Papa João Paulo II, foi considerado desaparecido.
Wilson Souza Pinheiro
Local do desaparecimento: Brasileia (AC)
Organização política: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (AC) e PT
Foi presidente do PT em Brasiléia e lutou pelo direito à terra do povo do Acre. Foi morto com três tiros nas costas, na sede do sindicato.
Liliana Inés Goldenberg
Local do desaparecimento: travessia entre o Porto Meira, em Foz do Iguaçu, e Puerto Iguazú, na Argentina
Organização política: Montonero
Militante política, cometeu suicídio na iminência de ser presa arbitrariamente, quando tentava ingressar no território argentino.
Eduardo Gonzalo Escabosa
Local do desaparecimento: entre Porto Meira, em Foz do Iguaçu, e Puerto Iguazú, cidade da província de Misiones, na Argentina
Organização política: Montonero
Se envenenou na iminência de ser preso. Era miliante político.
Lyda Monteiro da Silva
Local do desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Foi vítima de um atentado à bomba na sede da OAB, onde trabalhava como secretária.
Solange Lourenço Gomes
Local do desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
Médica, militante política, foi presa e torturada. Cometeu suicídio em decorrência de sequelas psicológicas resultados de atos de torturada.
Margarida Maria Alves
Local do desaparecimento: Alagoa Grande (PB)
Organização política: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande
Defendia a reforma agrária e o direito dos trabalhadores sem terra. Foi executada com um tiro no rosto.
Gustavo Buarque Schiller
Local do desaparecimento: Rio de Janeiro (RJ)
Organização política: Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR – Palmares)
Líder estudantil, foi preso, torturado. Foi encontrado morto em seu apartamento.
Nativo da Natividade de Oliveira
Local do desaparecimento: Carmo do Rio Verde (GO)
Organização política: Central Única dos Trabalhadores (CUT), Partido dos Trabalhadores (PT)
Camponês, sindicalista, foi assassinado por um pistoleiro contratado por fazendeiros da região onde exercia suas atividades políticas.
Fonte: g1.globo