2002

Considera como contraponto à globalização da economia à globalização da solidariedade, entendendo como solidariedade uma virtude que faz com que a pessoa se sinta comprometida com a vida e tenha interesses e responsabilidades com o grupo, com a nação ou mesmo com toda a humanidade. Em outras palavras significa dizer que a solidariedade faz com que a pessoa assuma uma atitude voluntária e uma maneira de agir e de se empenhar para o bem comum. Segundo Razeto a solidariedade consiste em fazer as coisas juntas em benefício do bem comum com o objetivo de alcançar o que todos os integrantes do grupo partilham. Lembra que a solidariedade sempre está fundamentada na justiça e que ela deve ser transformada na compaixão. Como meio dela (a solidariedade) intervir na vida social é de extrema importância que ela seja posta em prática constante e com planejamento. Assim sendo, ela se tornará estrutural, social para que a mesma possa se manifestar. Não se deve esquecer o fato de que quando se diz “planejamento” não significa afirmar se não houver um programa Observa-se que no corpo social todas as vezes que acontecem situações de caráter emergencial e dramática (secas, inundações, guerras, etc.) ou mesmo em situações circunstanciais (coletas, Natal, campanhas, etc.) a solidariedade se faz manifesta. Informa que nenhuma pessoa deve se acomodar na ilusão de que chegará o “salvador” da pátria para resolver os problemas provenientes da vida social; todos devem estar enganchados na luta contra a injustiça e ter consciência política para o exercício da cidadania, tal como: a luta contra a miséria, a fome, pela educação, pela defesa dos direitos humanos, etc., para que possa se criar à solidariedade de estrutura democrática que opere não somente dentro, mas também fora do país. Recorda que durante o deslizamento ocorrido na cordilheira de Bálsamo, por falta de escavadeiras para que pudessem retirar os cadáveres que lá estavam, diversas pessoas se dispuseram, durante dias, retirar com baldes a terra e remove-la para outro lugar, deixando-os exausto de maneira acentuada, contudo continuando as suas tarefas sem cessar durante dias, demonstrando, assim, a força primária da solidariedade, na esperança de recolher os corpos dos mortos que ali se encontravam e poder enterra-los de modo digno e na expectativa de encontrar alguma pessoa ainda com vida. Este ato vem comprovar que todas as pessoas possuem dentro de si a bondade. O que está faltando é saber fazer com que esta bondade venha à tona e muitas das vezes ela é despertada a partir do sofrimento de outras pessoas, já que quando se depara com o sofrimento dos outros, as pessoas saem de si mesma e se aproxima daqueles que sofrem, uma vez que se deixa de lado o individualismo e se sente fazendo parte viva do sofredor, desse modo, desperta-se a consciência de que todos pertencem a uma única família: a humana. Por um lado, considera o que de pior pode acontecer é quando se destrói o lado humano de um povo; por outro lado, aprecia também que a melhor forma de se prestar à solidariedade é quando se contribui a resgatar, juntamente com o povo, o lado humano que estava desaparecido. Assim sendo, “A maior esperança é seguir caminhando, praticando justiça e amando com ternura… Oxalá a solidariedade ajude a reconstruir casas, porém, sobretudo, pessoas, o povo; ajude a consertar caminhos, porém sobretudo modos de caminhar na vida…” (p. 32-33).