JÉLVEZ, J.A.Q. Grêmio estudantil: a força (enfraquecida) dos estudante, In: Revista de Educação AEC – n.º 74, Brasília, Janeiro / Março de 1990, pp. 39 – 41.

De início, o texto enfatiza o crescimento da consciência dos direitos humanos, característico dos anos 80, e o surgimento de uma série de movimentos populares, tais como: associação de moradores, grupos ecológicos, sindicatos, grupos de mulheres e também os grupos do movimento estudantil. Em seguida, levanta alguns questionamentos com relação a conscientização política e participativa dos atuais estudantes (1990); se a formação escolar ajuda ou não na participação democrática, na consciência política e no avanço dos direitos humanos. Esses questionamentos levam-nos a constatação de uma passividade, alienação e individualismo por parte de alguns estudantes, resultantes, segundo o texto, das idéias veiculadas pelos meios de comunicação social e pela educação que as escolas proporcionam. E ainda mais, hoje sofremos este desinteresse devido a forma autoritária de gerir a sociedade instalada no país a partir de 1964. Na última parte do artigo faz uma breve levantamento de fatos que marcaram a desarticulação estudantil, tendo como ponto de partida o golpe de 1964. Os militares inauguraram uma concepção vertical de controle de toda sociedade por parte do Estado. Quanto aos estudantes, eles deveriam “primeiro estudar”, e não intervir na vida política da nação. Estas foram as principais idéias vinculadas na Lei UNE, Lei 4464 de outubro de 1964. Em 1967, o Decreto Lei 252 vetou a ação dos órgão estudantis em qualquer manifestação política, religiosa, racial, bem como apoiar qualquer movimento grevista. O famoso AI-5 sufocou definitivamente todos movimentos populares, entre eles os Grêmios Estudantis, tirando de todos os cidadãos brasileiros as garantias individuais, públicas e privadas. Em 1969, o Decreto Lei 477 proíbe todo corpo docente, discente e administrativo das escolas de participar de qualquer manifestação de caráter político ou contestatório, dentro ou fora das escolas e universidades. O texto conclui apontando como nossa herança mais trágica desta legislação autoritária esta reação de silêncio, imobilidade e não participação que se verifica nos meios estudantis.