Paulinas, 1995
Objetiva refletir a respeito da tolerância levando-se em consideração os seus fundamentos psicológicos, antropológicos e éticos, tentando, dessa maneira, dar uma contribuição aos seres humanos, lhes mostrando que o convívio social, antes de tudo, deve-se prevalecer à troca e o encontro dos valores comuns, sem que se perca a identidade, seja ela pessoal ou cultural, mas para se abrir ao confronto, ao diálogo e assim saibam se relacionar com o seu próximo sem perder de vista o respeito e a solidariedade. Ensina que a tolerância é um processo que deve ser vivenciada na vida cotidiana de maneira amável, sem esquecer que esse processo por muitas vezes gera conflito, contudo é com a convivência que se aprende a lidar com o outro respeitando não somente as suas diferenças, mas as suas próprias. Entende-se então que “O caminho rumo à tolerância não é apenas um trabalhoso processo histórico, mas também um desafio cotidiano no qual os seres humanos estão totalmente também envolvidos, permeando as diferentes esferas do viver social (pg 18). Lembra que a construção do desejo não é apenas resultado do que é possível; pois a consciência do que é possível e a vontade de atuar na sociedade visando as mudanças sociais, segundo mostra, são as condições basilares que irá determinar o êxito ou o fracasso de um cidadão, de um povo ou mesmo de um país inteiro. Não esquece de mencionar que a personalidade dos seres humanos está dividida em três categorias: (I) afetiva (necessidade de se sentir seguro e de ficar próximo aos semelhantes. O ser humano, em sua natureza, sempre temeu o desconhecido e sempre se sentiu ameaçado com o que lhe é diferente. Por muitas vezes, a intolerância nada mais é do que um mecanismo de defesa); (II) cognitiva (processo de conhecimento que faz do ser humano um animal capaz de decifrar, de interpretar e de entender a complexa realidade que lhe envolve. Muitas vezes, o homem, tente a ler a realidade de maneira reduzida e de criar juízos sobre ela; daí o surgimento de alguns estereótipos, de rótulos que acabam por gerar atitudes de intolerância) e (III) social (é o relacionamento que se tem com os outros, é a necessidade de pertencer a um grupo. Deste o momento que se deixa de respeitar a identidade do outro, gera-se a desconfiança e com ela o medo do outro e com ele o conflito). Indica que noção do valor e do bem é algo que está inserido em todas as pessoas, essa noção é universal e independe da sociedade na qual se encontra. Mas isso não equivale dizer que exista uma “natureza humana”; todas as pessoas estão dentro de um contexto histórico, em uma dada sociedade, porém a sua realidade é de caráter espiritual que não pode ser resumida de uma maneira estática e determinante. Ao fazer referência a Cristo, diz que ele é um exemplo a ser seguido, pois respeitava a todos como imenso respeito, com amor; reconhecia Deus em todas as pessoas, inclusive nos pobres, transformando-os em ricos de espírito; nos estranhos, fazendo deles um irmão; nos pecadores, livrando-os do pegados; nos inimigos, tornando-os amigos etc. mostrando com esse gesto o amor e bondade que sentia pelo mundo e por todas as pessoas. Por isso que alguns O indicam como o mestre da tolerância. Entende-se agora o porquê que o respeito para com o próximo e de grande valia para a religião cristã, por considerar que todas as pessoas sejam elas de qualquer classe, raça, cultura, gênero, são na verdade um reflexo de Deus e por isso ela (a religião cristã) tem a responsabilidade de ser a religião portadora da paz. Reconhece que mesmo com toda violência que vem acontecendo no mundo, cresce e amadurece a idéia de que é possível criar-se uma comunidade mundial que reconhece e respeita os direitos e a dignidade humana, pois se reconhece que não é possível, se um dia foi, pensar apenas no bem-estar individual, ou mesmo um país tentar resolver os seus próprios problemas sem pensar nas dificuldades que atravessam outras nações. Reconhece que, independentemente da nação em que se está ou que se nasceu, todas as pessoas são cidadãs e por isso elas mesmas que devem assumir a tarefa de se fazer concretizada à justiça social para toda a humanidade, já que ninguém é objeto ou totalmente estranho um ao outro, mesmo reconhecendo às diversidades. Alerta para o fato de que o mundo já está saturado com as guerras e todas as sociedades estão clamando pela paz e isto está levando ao surgimento de uma rede universal de solidariedade que proclama o senso de justiça, pela proteção da dignidade humana e uma nova consciência em torno da Declaração dos Direitos do Homem. Por isso a importância em valorizar e fomentar o diálogo entre as culturas, pois é através do diálogo que surge o entendimento e cria-se uma cultura tolerante, uma cultura de paz, promovendo a harmonia entre as culturas e as religiões.