Por Chico Alencar
TEMPO TERRÍVEL (que causa terror, assustador, temível, funesto – Dicionário Houaiss)
É terrível ter um presidente que, além de defender a tortura e o armamentismo, promete indicar para o STF alguém “terrivelmente cristão”.
É terrível que ele desconheça o Estado Laico definido na Constituição.
É terrível que uma Câmara aprove, com as galerias fechadas, uma “reforma” no sistema previdenciário que afetará, sobretudo, os mais pobres, mantendo o privilégio de certos setores.
É terrível que o governo da mentira da “nova política” tenha pago, liberando emendas de ontem para hoje, R$ 2,7 bi para garantir os votos de parlamentares.
É terrível que o chefe do Gabinete de Segurança Institucional diga que seu salário de general, de R$ 19 mil, é pequeno, não condiz com a função.
É terrível o general Secretário de Governo, messiânico como seu superior hierárquico, se declarar um misto de Salomão, rei Davi e José do Egito.
É terrível que não se tenha um plano de cobrança dos R$ 160 bi de dívidas previdenciárias das grandes empresas.
É terrível que ainda se dê um “prêmio” de R$ 87 bi ao agronegócio.
É terrível que não se enfrente o rombo histórico da sonegação de impostos, de R$ 570 bi.
É terrível que não se cobre um Imposto sobre lucros e dividendos, hoje não tributados, que garantiriam R$ 71 bi/ano.
É terrível que não sejam taxadas as grandes fortunas nesse país tão desigual, que, com uma alíquota de 3%, levariam às políticas públicas de educação e saúde mais R$ 37 bi/ano.
É terrível ver o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encerrar abruptamente uma votação, para que os direitos d@sprofessor@s não fossem mantidos.
É terrível continuar a ver um país que não se desvencilha de séculos de escravidão, de concentração de renda, de dependência, de corrupção sistêmica, de preconceitos, de desigualdade social, de ignorância institucionalizada.
Mas tudo se transforma, por mais que esteja demorando em ser tão ruim.
A História não será sempre feita pelos senhores e seus capatazes.
E isso não é terrível: será maravilhoso.
Esperancemo-nos, apesar dos pesares.
(Nesse 10 de julho de 2019, em memória e honra de Chico de Oliveira e Paulo Henrique Amorim)
Fonte: https://www.facebook.com/chicoalencar/photos/a.220261591409433/2094796570622583/?type=3&theater