Prognóstico mensal do Inmet também prevê temperatura acima da média para áreas no centro do Brasil
Por Rafael Garcia — São Paulo
Em dezembro deste ano, a região Sul segue com uma tendência a exibir temporais em Santa Catarina e Paraná, e o oeste da Amazônia terá precipitação abaixo da média na estação das chuvas, uma notícia ruim para essa porção floresta que sofreu com uma seca intensa neste ano.
A previsão, contida no boletim mensal do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), traz uma perspectiva preocupante para o inicio do verão no país, que já registrou recordes de temperatura na primavera.
Além das anomalias de chuva, está prevista a ocorrência de temperaturas acima do normal para a época do ano em diversas áreas do país. Estarão acima de 1°C grau mais quentes os estados do Tocantins e Mato Grosso do Sul, a calha do Amazonas no Pará e boa parte do Sertão Nordestino. Essa situação deve impactar a produção agrícola no centro do Brasil.
“Em áreas do Matopiba (região que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), os baixos volumes de chuva previstos ainda manterão os níveis de água no solo baixos, exceto em áreas do sul de Tocantins e extremo sudoeste da Bahia, onde haverá uma ligeira recuperação da umidade no solo”, afirma o Inmet.
No Sul, deve ocorrer problema no extremo oposto. “Na Região Sul, os níveis de água no solo podem continuar elevados e beneficiar as fases iniciais dos cultivos de primeira safra”, afirma o boletim. “Contudo, em algumas áreas o excesso de chuvas poderá resultar em excedente hídrico e encharcamento do solo, impactando a colheita dos cultivos de inverno e impedir o avanço da semeadura dos cultivos de primeira safra.”
A única boa notícia com relação a chuvas no Sul é que o Rio Grande do Sul, que teve tempestades intensas nesta semana, deve ser um pouco mais poupado das chuvas em dezembro. As chuvas ali em dezembro devem se concentrar nos outros dois estados, Santa Catarina e Paraná.
A situação prevista pelo Inmet é ainda consistente com o esperado para um ano de forte efeito El Niño, o superaquecimento das águas do Oceano Pacífico. E os recordes de temperaturas são consistentes com o que se espera da mudança climática global.
Amazônia sem água
Em um boletim conjunto com a Agência Nacional de Águas (ANA), o Inmet afirma que a baixa previsão de chuvas para dezembro é preocupante para a Amazônia.
“As vazões naturais no rio Madeira em Porto Velho em novembro apresentaram leve aumento em relação a situação de outubro, mas ainda se encontram 56% abaixo da média para o mês, continuando em vigor a declaração da ANA de situação crítica de escassez hídrica até 30 de novembro”, diz o documento. “O rio Negro atingiu seu nível mínimo histórico de 12,65 m (cota média diária) no Porto de Manaus em 26 e 27 de outubro, quase 1 metro abaixo do recorde negativo anterior, de 13,63 m em 2010.”
As vazões naturais nas usinas hidrelétricas Serra da Mesa, Tucuruí e Belo Monte estão abaixo da média para o mês, aumentando a preocupação para a geração de energia.