Ricardo Felício se recusou a dar aulas em home office durante a pandemia de Covid-19, a qual chamou de ‘fraudemia’
Por O Globo — Rio de Janeiro
A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH) decidiu demitir o professor Ricardo Augusto Felício, conhecido por compartilhar mensagens antivacina e promover um curso online que nega as mudanças climáticas. Diante da dificuldade de estabelecer contato com o profissional, a diretoria da instituição o notificou sobre o desligamento por correio.
Em março deste ano, durante sessão ordinária da faculdade, o diretor da FFLCH, Paulo Martins, apresentou a decisão da Procuradoria-Geral sobre a demissão de Felício, alvo de um procedimento disciplinar. Em votação, os demais professores apoiaram por unanimidade a medida, que agora é considerada irreversível. O procedimento foi encaminhado à reitoria da USP para conclusão.
Ricardo Augusto Felício era professor de Climatologia. No entanto, a partir do início da pandemia de Covid-19, passou a faltar as aulas, de acordo com relatos de professores e alunos ouvidos pelo GLOBO na época. O suposto “sumiço”, porém, foi só dos compromissos com a universidade.
Nas redes sociais, Felício se manteve ativo durante todo o tempo. No Instagram, ele se apresenta como “Prof. Dr. em Climatologia”, cristão e anuncia uma videoaula que promete “desconstruir a hipótese” da mudança climática. As faltas constantes levaram a universidade a abrir uma sindicância para apurar a conduta. Pelo regime de trabalho pelo qual foi contratado, o regime de turno parcial, ele deveria trabalhar na universidade por 12 horas semanais em atividades de ensino, segundo a USP.
Informações do Portal da Transparência da USP mostram que Ricardo Felício atuava na faculdade havia 15 anos, no departamento de Geografia. Em junho deste ano, ele recebeu um salário líquido de R$ 8.871,25.
Num vídeo publicado em 2021 na plataforma Rumble, o professor chamou a pandemia de “fraudemia” e as vacinas de “remedinhos experimentais”, segundo o “Uol Notícias”. Ele também qualificou como “ridículo” um relatório da época do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), que apontava a influência da atividade humana sobre a temperatura do planeta.
O GLOBO tenta contato com a defesa do professor Ricardo Felício.