Letraviva, 2000.
Denuncia que a crise social pela qual vem passando o mundo é fruto da má distribuição dos bens que é alarmantemente desigual, já que essa distribuição privilegia as minorias que detém o poder político e financeiro em detrimento da maioria que vive do trabalho e nada possuem. Delata também que o planeta Terra está sendo ameaçado, de maneira assustadora, em seu equilíbrio ecológico, assim se faz necessário o diálogo com todos os povos, sobre as perdas que se está ocasionando para a humanidade com a convivência desarmônica do homem com a natureza, lesando dessa maneira o clima, a água, a química dos solos, os microorganismos e todas sociedades humanas, e assim se possa garantir o direito à vida de cada cidadão que está no planeta Terra. Deve-se pensar globalmente e agir localmente para que se mude a postura do ser humano de ler e de agir perante a concepção do mundo que se tem até então e assim se possa dar fim a crise social e se respeite a natureza já que todos os seres vivos fazem parte dela. Mostra que quando se abre a discussão sobre o que seria bom e útil para a humanidade tem que se deixar claro o que representam as prioridades, pois elas devem estar calcadas na vida saudável do planeta, da biosfera, da espécie humana e prol de todos os pobres, oprimidos, marginalizados e excluídos, uma vez que são eles que sofrem os maiores pesares devido à injustiça social para que dessa maneira se fomente uma sociedade mais democrática que permita que todos os seres vivos continuem a existir e a viver. Lembra que é de extrema importância realizar um pacto que tenha como alvo de ação a sobrevivência da Terra, visando a construção de uma democracia sociocósmica em que todos os organismos vivos sejam considerados cidadãos, ou seja, tudo que esteja na natureza seja tratado com respeito. A globalização deve proporcionar a cada povo o direito à vida, respeitando suas culturas e sua idiossincrasias e satisfazendo as necessidades de se alimentar, de morar, de lazer, de trabalho, de saúde, de educação e do direito de se comunicar com outros seres humanos. Afirma que a natureza humana, conseqüência de uma longa evolução é histórica na medida em que ela é trabalhada para a liberdade o que possibilita a abertura para que ela construa o seu futuro. Ensina que a natureza desconhece a exclusão, pois tudo que existe nela tem uma função em benefício do todo, diferentemente do sistema mundial que produz cada vez mais à exclusão e que ela representa hoje dois terços da humanidade e que por isso mesmo o ser humano dever voltar a seguir a lógica da natureza e reaprender com ela como viver harmonicamente no ecossistema, porque enquanto a humanidade insistir no desrespeito as alteridades, lutar contra a natureza estará comprometendo a sua própria existência. Constata que na contemporaneidade só se tornará possível à convivência humana no momento em que estiverem estruturados determinados valores e atitudes que abarquem um ethos universalmente válido que proporcione a paz entre os povos e entre as religiões e que possam conscientizar todos os seres humanos que a responsabilidade pelo destino comum é obrigação social de todos. Em outras palavras significa dizer que cada pessoa tem a obrigatoriedade de tratar humanamente a todos para que haja a harmonia social. Considera que o Manifesto Comunista de 1848, de autoria de Karl Marx, e a Teologia da Libertação do Terceiro Mundo constituem o marco ético calcados na solidariedade dos miseráveis e um protesto direto contra a pobreza pela qual passam o pobre, o excluído, o negro, o indígena, a mulher oprimida e de todos aqueles que sofrem com os diversos preconceitos. Assim sendo, a ética fica entendida como sendo o princípio fundamental da justiça já que busca resgatar o reconhecimento das grandes maiorias excluídas, hierarquizando prioridades tais como: salvar a vida dos pobres; garantir os meios possíveis para assegurar suas vidas, oferecendo trabalho, moradia, saúde, etc.; assegurar a sustentabilidade da terra e a realização de todos os direitos humanos fundamentais nas diversas declarações universais. Lembra que em 1992 realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a Cúpula da Terra em que foi proposto a Carta da Terra, onde a partir de quatro itens fundamentam-se 16 princípios calcados do novo ethos mundial. São eles: (I) respeitar e cuidar da comunidade de vida (respeitar a Terra com sua diversidade, cuidar de maneira amorosa da comunidade, construir sociedades democráticas e assegurar a riqueza e a beleza da terra); (II) integridade ecológica (proteger os processos naturais da vida, prevenir o dano ambiental, adotar padrões que protejam os direitos humanos e o bem-estar comunitário, aprofundar o estudo e promover a troca do conhecimento adquirido através da sustentabilidade ecológica); (III) justiça social e econômica (acabar com a pobreza, garantir atividades que promovam o desenvolvimento humano, afirmar a igualdade de gênero e o acesso de todos à educação, à saúde e as oportunidades econômicas); (IV) democracia, não violência e paz (garantir dentro das instituições democráticas a participação de todos os cidadãos na tomada de decisões e acesso à justiça, inserir na educação formal o conhecimento que valorizem a vida sustentável e tratar todos os seres vivos com respeito e consideração). Observa que é crescente cada vez mais a consciência de que é preciso todos ser solidários para a sobrevivência da vida, já que todos possuem sofrimentos e esperanças comuns.