GRZYBOWSKI, C. Alternativas à Globalização. Em busca da cidadania planetária, In: Democracia, a Revista do IBASE – n.º 114, Rio de Janeiro, Nov-Dez / 1995, pp. 6 – 9
O autor parte da constatação que o processo de globalização atualmente vigente se impõe a nós como um fenômeno inevitável e incontestável. Tornando à humanidade prisioneira de seu próprio destino e condenada a seguir este único caminho. Frente a esta realidade ele anima e se anima a propor um outro modo de ver, incentivando à vivência de uma cidadania planetária que exige rebeldia no pensar e agir. Convoca a pensar em alternativas de globalização que se contraponham à forma hoje hegemônica ditada pelo neoliberalismo, pelo consenso do livre mercado. A forma dominante hoje de globalização é movida pela desenfreada busca de maximização dos lucros, impõe a abertura das fronteiras, a redução e privatização do Estado, a desregulamentação, a eficiência e competitividade, como motores principais que submetem tudo e todos à lei selvagem do livre mercado. Trazendo consigo uma enorme instabilidade econômica e política, provocando uma imensa desigualdade e exclusão social da grande maioria da humanidade. Frente a este caráter profundamente destrutivo e anti-humano de este tipo de globalização o autor propõe outras alternativas cujo eixo central significa uma mudança cultural no seio da sociedade civil, como uma condição indispensável para uma mudança tanto da economia, dos mercados, como do poder, dos Estados. Esta nova proposta baseia-se na construção da cidadania planetária a partir da participação nos diferentes movimentos promovidos dentro da sociedade civil, movimentos ecológicos, de gênero, ações cidadãs, etc. Nesta perspectiva a emergência da ética se contrapõe à visão e às propostas neoliberais de globalização, através da proposta do exercício e vivência de uma democracia inspirada nos princípios de liberdade, igualdade, participação, diversidade e solidariedade. A estratégia que propõe implica dar atenção prioritária aos modos de ver e pensar, às atitudes e valores vigentes nas próprias sociedades civis e que cercam a globalização. No embate político-cultural, através da ação e debate públicos, nascem as percepções e propostas dos diferentes grupos civis, os seus movimentos e as suas grandes mobilizações. Combina a participação cidadã com a ação e pressão política junto ao sistema de poder, a nível nacional e internacional. Trata-se de um texto curto mais muito rico em desafios e incentivos para criar essas novas formas alternativas de globalização através da proposta da cidadania planetária. Desde a ótica dos direitos humanos a proposta recupera no só a defesa e vigência dos direitos individuais, civis e políticos mas também resgata a luta pela preservação dos direitos sociais atualmente arrasados pelas políticas neoliberais. Desde o ponto de vista da construção da cidadania o autor apresenta um novo desafio com sua proposta da cidadania planetária.