Reconhece que dentro da realidade da América Latina perpassa por uma dinâmica de “dubla transição” denominadas de neoliberalismo e de democracia, sendo esta última o marca central por reconhecer a diversidade étnica e cultural que se fazem presentes em seus territórios. Atenta para o fato de que, hoje em dia, em diversos Estados latino-americanos a população indígena tem o pluralismo étnico e cultural de suas nações reconhecidas em suas fronteiras e em suas constituições, mas que estabelece um fenômeno muito recente. O que importa não é apenas os povos indígenas terem os seus direitos reconhecidos; o mais importante e que tais direitos sejam exercidos concretamente. Sugeri que o conceito de democracia dever incluir a convivência harmônica com o pluralismo jurídico alternativo e não trata-lo apenas como algo de segunda categoria ou desprezar a sua existência. Acrescenta que se deve tratar o sistema jurídico indígena tal como é o respeito aos direitos humanos.
Analisa as discussões em torno da educação em direitos humanos, tendo em vista o contexto sócio-político e econômico vividos na América Latina, desenvolvendo a idéia de que a educação em direitos humanos ganharia muito mais legitimidade se os corpos normativos (leis, resoluções, acordos, convenções, declarações nacionais e internacionais) fossem mais difundidos publicamente. Lembra que em relação à educação em direitos humanos, alguns estudiosos estão a favor que se recorra ao Estado, mas o problema surge quando se questiona a maneira pela qual irá se trabalhar quando ele é omisso a injustiça e tem aceitado a impunidade. Critica-se também a participação das ONGs ao fazerem aliança com o Estado, já que desta maneira irão perder credibilidade perante o público. Considera importante a desenvolvimento de uma rede de comunicação que possibilite relações e acabe com o isolamento, pois o propósito e tecer a solidariedade e a troca de saberes e assim estimular o exercício das ações coletivas
Refere-se a um trabalho realizado em parceria com a UNESCO, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e o Instituto Ayrton Senna como forma de cooperarem com a efetivação do respeito aos direitos humanos para a juventude. Explicam que estudos por Vermelho e Mello (1998) mostraram que as causas relacionadas à morte de jovens nas últimas cinco ou seis décadas foram crescendo para os fatores externos como os acidentes de trânsitos e homicídios. Esse último avança no Brasil, que foram responsáveis por 38% das mortes de jovens na idade entre 15 e 24 anos. Diz Chama a atenção para o fato de que no ano 2000 39% das mortes entre os jovens foram causadas por homicídio. Clama toda a sociedade a encontrar meios objetivos para limitar a crescente violência que atinge a todos, até porque a sociedade não pode mais se omitir, pois a apatia, a falta de perspectiva e a intolerância são as causas principais para o surgimento da violência.
Recorda que os indígenas u’wa habitavam o norte da Colômbia a 3.000 e eram milhares, antes da chegados dos colonizadores espanhóis. Hoje, restam apenas 6.000 índios. Devido à reserva de petróleo que tem em seus territórios sofrem ameaças constantes de perderem as suas terras e suas vidas. Desde 1995 o governo colombiano aprovou a exploração de petróleo pela multinacional norte-americana, Occidental Petroleum. A decadência dos us’wa será alarmante, como a prostituição, o alcoolismo e sem dos índios que morrerão pelos esquadrões da morte. Um exemplo que serve para retratar a invasão da cultura branca, lembra os indígenas ghuahabis que viviam na Laguna de Lipa, hoje completamente destruída de sua beleza natural, que ao serem transferidos para bairros populares viraram mendigos e viciados. Alerta que na modernidade o homem substitui os valores espirituais pelos materiais com o interesse de adquirir algo que dê prazer momentâneo.
Explica que a Rede Brasileira Pela Integração dos Povos/REBRIP representa um amplo movimento de resistência a ALCA em todo continente americano e centra os seus esforços em campanhas continentais e na organização de plebiscitos institucionais nos países das Américas. Denuncia que os princípios apresentados pela ALCA consideram qualquer serviço como mercadoria e como tal deve-se almejar o lucro, sem esquecer de acrescentar que os amplos direitos dados aos investidores e empresas diminuem o poder dos governantes de promoverem políticas públicas voltadas à educação, à saúde, etc.. Declara que os governantes do Brasil não deveriam entrar na ALCA, já que não receberá nenhum beneficio, pois sabe-se que as medidas tomada pelos Estados Unidos visam somente os seus interesses. Conclama a sociedade brasileira a fazer um amplo movimento em oposição a ALCA, propondo um projeto social para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e fortalecida pela justiça social.
Explica que com a situação de pobreza na América Latina, com a ausência dos pobres na História, o nascimento dos movimentos populares, com a presença ativa dos cristãos nos processos históricos de libertação e com o compromisso da Igreja latino-americana na defesa dos oprimidos, surge a Teologia da Libertação, que tem como embasamento dois aspectos: (1) a busca de nova reflexão a partir da realidade latino-americana e (2) as declarações de grupos cristãos que testemunham a experiências coletivas da luta revolucionária da população pobre. A Teologia da Libertação percebeu a necessidade de se elaborar uma teologia a partir da identidade e do perfil presentes na América Latina para que possa intervir e dar respostas aos desafios que se apresentam. Considera que a Igreja tem que ser a base de resistência, assim como ter a missão de mostrar caminhos alternativos para que os pobres e excluídos possam ter uma vida digna, colaborando em dar respostar a atual política excludente neoliberal e proporcionar as transformações sociais.
Indica que no Brasil crescem as taxas de mortalidade que têm como causa principal a violência, ainda mais entre os adolescentes e jovens, e acrescenta que a violência e um problema complexo que abarca o âmbito cultural, social e comportamental e que por isso não deve ser encarado apenas no ponto de vista criminal, pois a discriminação sexual, de gênero, das minorias étnicas, exploração e a desigualdade social também são formas diferenciadas de violência. Afirma que um dos maiores problemas encontrados para que se pesquisa a violência está no fato de que a sua classificação e definição ainda são muito confusas, dando margem para diferentes interpretações, como, por exemplo, saber distinguir o crime organizado, crime de quadrilha e crime comum. Afirma que as ações repressivas em nada resolvem para desarticular o crime organizado. Deve-se investir em programas educativos para que os jovens possam ter um futuro mais digno.
Apresenta a diferença que se tem do senso comum tanto para os neoliberais, como para os educadores(as). Explica que para os primeiros a transformação do senso comum é importante para aceitação da reestruturação do Estado pela ideologia neoliberal, como solucionadora da crise que passa o Brasil, inclusive com o seu modelo educacional. Para os educadores que acreditam na transformação social, a desconstrução da hegemonia neoliberal é de suma importância para se promover à inclusão social nas práticas e nos discursos das escolas públicas. Adverti que a globalização é uma reconfiguração do capitalismo que intensifica as desigualdades sociais, econômicas e culturais. Acredita que a criação de espaço de discussão constitui uma das formas para que se possa desenvolver uma atuação política sobre as atividades exercidas pelas (os) professoras(es), deixando mais claro suas visões sobre a sociedade e da situação educacional.
Descreve que o golpe de estado instalado na Venezuela foi planejado pela ultradireita e que deve a conivência de políticos, dos meios de comunicação, de empresários, de partidos políticos, de escritores, de artistas. Recorda que Chávez chegou ao poder em 1998 com o apoio da maioria e que foi marcado como o único presidente da América Latina a renunciar voluntariamente e a submeter-se a uma consulta eleitoral. Com as 48 leis elaboradas no governo de Chávez, a abertura para os países como Cuba, Rússia e China, as críticas que atacavam o Plano Colômbia e os dirigentes da OPEP, em muito incomodou o governo norte-americano com a sua política de dominação mundial. Pronuncia que Chávez foi eleito por uma maioria esmagadora em uma eleição transparente, mas o que derrubou o governo Chávez foi a sua coragem de peitar a minoria intocável que a todo custo tentava mostrar que o presidente venezuelano era o “inimigo” da democracia e da liberdade.
Indica que a Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (Icerd) que preambulou uma carta onde afirmava que a doutrina da superioridade baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa. Com relação ao racismo, denuncia que no Brasil apresente tamanha dificuldade em fazer a relação entre racismo e pobreza. Isso porque uma ala da esquerda brasileira ainda insiste em não fazer a associação entre o racismo e a pobreza. Além disso, no Brasil se tem duas maneiras de abordar o racismo. (I) uma explica que o racismo e a discriminação racial é a resultante da má distribuição da renda e do poder político. (II) A outra entende o racismo e a discriminação como a negação dos meios essenciais de sobrevivência aos grupos discriminados. Conclama toda a sociedade brasileira a encarar os afro-descendentes como pessoas que têm o direito de gozar a sua liberdade como outra qualquer sem que haja distinção de qualquer espécie.