EDUFF 1998

Chama atenção para o fato de que a questão da violência e do racismo no Estado do Rio de Janeiro tem uma associação muito peculiar entre si, até porque quando se fala de racismo, mesmo considerando toda a sociedade brasileira, se constatará que o mesmo não está distanciando da violência, mesmo considerando diversos estudos elaborados acerca da violência, constata-se, em sua maioria, que o tema sobre as relações raciais não entra em pauta. Por isso, deve a intenção de contribuir, seja para estudos de fim acadêmico, seja para aqueles que pretendem dar sua contribuição para a melhoria da qualidade de vida da população, fundir as duas questões em uma só, mas podendo, caso se queira, ser trabalhadas separadamente. Declara que a violência é uma dos fatores que mais vem preocupando diversos estudiosos de diferentes correntes ideológicas e entende que o que se deve observar não é somente as causas que originam a violência, mas a de poder incorporar certos tipos de explicação que muita das vezes não leva-se em consideração. Por sua vez a sociedade brasileira ainda insiste, como em tempos remotos, em combater a violência apenas com os meios tradicionais dos instrumentos de repressão, ou seja, combate-se à violência, como desejam os ultraconservadores, com mais violência ainda ou, como almejam os denominados de democratas, entendendo o autoritarismo como um mal menor para a democracia. Classifica dois tipos de violência: (1) por um lado, há uma preocupação tamanha com os crimes praticados de maneira direita, como são os roubos, os assaltos, os seqüestros, etc. que ameaçam a integridade física da pessoa que sofre de tal violência e (2) por outro, há uma preocupação com menos relevância ao que se diz respeito os rimes que, aparentemente, não envolvem violência, tais como o jogo, a pornografia, o lenocínio, a corrupção, a venda de drogas ilícitas, contrabando, fraudes, golpes financeiros, etc.. Acredita como forma de frear a violência que o próprio Estado Brasileiro e todos os setores da sociedade civil questionem seus papéis para que possam reconhecer que estão “nadando” na contramão, isto é, estão usando um tipo de prática que é o de cada um por si. Sabe-se também que na sociedade brasileira a cidadania é trabalhada de maneira negativa; quando a elite brasileira percebe que está havendo uma participação massiva por todos, ou pela maioria dos cidadãos ela se utiliza práticas que dificulta o acesso dos cidadãos na tomada de decisões. As elites estão sempre esperando a intervenção do Estado para que atue com processos penais e com a represália da policia. Claro é que o poder público não deve se ausentar nem ficar imune perante as violências que ocorrem na sociedade, porém, o mais importante de tudo é o de fazer um trabalho em conjunto com toda a sociedade civil, já que a participação efetiva dos cidadãos contribui de maneira eficaz na diminuição do crime, como várias pesquisas demonstraram e que a mobilização da sociedade civil contra a violência mais cedo ou mais tarde se efetuará; é só uma questão de tempo, porquanto que se está em um momento que está se tornando impossível jogar a violência para “debaixo do tapete”. Um outro fator de tamanha relevância que não se dever deixar de lado é a da participação do cidadão considerado individualmente. Explica que no Brasil as palavras racismo, preconceito, discriminação e segregação são usadas de forma indistintas, seja pelos legisladores, seja pelo senso comum. Isso porque, segundo constata, na História do Brasil, a opressão contra os povos baseadas na diferença, afirmava que as “raças inferiores” eram incapazes de evoluir. Nota-se que na atualidade em que a sociedade do conhecimento, a robótica e a inteligência artificial não necessita mais de força física e perdura-se a idéia de que os negros são raças inferiores a explicação correta só é uma: racismo. Somente no Brasil (diferentemente dos Estados Unidos onde negro é negro e branco é branco, ou seja, não há fases intermediárias) se inventou a cor mulata para que se pudesse afirmar a democracia racial, que na verdade é uma cor coringa, já que em determinado momento é aceito como branco e é estimulado pelas pessoas como forma de os negros se verem livres do “mal” de sua negritude. Em outro momento a cor mulata é trabalhada por um determinado enfoque para demonstrar que os negros também ocupam papéis importantes na sociedade. Denuncia que a separação entre discriminação racial e discriminação social, enquanto fatos distintos, é uma razão inútil que tenta camuflar o preconceito racial ou se esforça para dilui-lo em uma só questão.