Jun 1999

Relata o fato de que o crescimento das grandes metrópoles vem chamando a atenção de muitos pesquisadores que têm o intuito de analisar, de maneira mais sistemática, a maneira pela qual se dá tal crescimento, sobretudo quando a apreciação é feita entre duas grandes cidades, uma pertencente ao mundo desenvolvido (Paris) é a outra que faz parte do referido mundo em desenvolvimento (Rio de Janeiro). Almeja, contudo, averiguar em que momentos as duas cidades possuem semelhanças ao que diz respeito aos modelos de crescimento que elas possuem, tais como: financiamento, difusão de tecnologia, mão-de-obra, etc.. Chama a atenção para o seguinte fato: as pesquisas, geralmente de análise comparativa, tendem a embarcar em duas vertentes. Por um lado alguns pesquisadores têm uma tendência a enfatizar o lado positivo da realidade a qual se está investigando, sem levar em consideração alguns fatos que poderiam ser constatados, encobrindo dessa maneira a realidade da situação pesquisada. Por outro lado, observa-se também que muitas das vezes a pesquisa envereda para um mesmo conjunto de variáveis que acaba por violar circunstâncias sociais que são completamente diferentes, perdendo dessa maneira sentidos diferentes a descrições semelhantes. Esclarece que para se entender o crescimento de uma ou de mais metrópoles é significativo levar em consideração as transformações socioeconômicas. No caso, a metodologia usada para analisar a realidade social francesa deve como procedimento dois caminhos: (I) a utilização da variável de ocupação Categoria Socio Profissional (CSP) e (II) a utilização de uma técnica que não perdesse a visão global, de maneira conjunta de cada metrópole analisada. No caso do Brasil a metodologia escolhida partiu do pressuposto de que era possível comparar as CSP’s francesa, já que a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE) desconhece à técnica da Categoria que se é feito em França. Usa-se no Brasil dados como ocupação (e não profissão, o que já indica o grau de instabilidade das relações de trabalho e das instituições existente no Brasil), cargo, setor em que se atua, etc. como forma de se conhecer a força de trabalho e como é feita a distribuição de renda. Diz que a estrutura econômica predominante no meio urbano do Brasil é regido por um segmento do capitalismo em que prevalece o assalariamento da mão-de-obra do trabalhador de três maneiras: a formal, a informal e a autônoma. Chamou a atenção o fato de que a pesquisa ter revelado que no Rio de Janeiro a categoria do setor informal que inseri os ocupados denominados de ambulantes e de biscateiros representa 1,8% da população, que são também os menos qualificados e os mais pobres, ao contrário do que ocorre na França, já que lá existe um modelo social que protege o trabalhador para que o mesmo sobreviver mesmo estando desempregado, graças à indenização do desemprego e tantas outras ajudas sociais. Adverti que tanto em Paris como no Rio de Janeiro existe uma hierarquização nos tipos superiores (empresários, profissionais liberais e outras categorias profissionais) e populares (pessoas com baixo poder aquisitivo e pouco grau de instrução) das camadas sociais. Porém, é observado também, que em Paris os tipos superiores predominam, enquanto que no Rio de Janeiro prevalece os tipos populares devido à evolução da terceirização e da desproletarização industrial, o que leva a afirmar que o aburguesamento dos operários e bem menos do que ocorre em Paris, até porque as oportunidades sociais que lá existem são bem mais aberta do que no Rio de Janeiro, mas sem deixar de reconhecer que em nenhuma das grandes metrópoles prevalece espaços tipicamente marcados pela proletarização absoluta. Acentua que tanto a estrutura ocupacional quando a da divisão social nas duas cidades são predominadas pela permanência de sua estruturação do que por mudanças, porém à distância e o extremo entre as classes social alta e as classes populares ainda permanecem gritantes, sem esquecer do fato de que a segregação social das camadas menos privilegiadas da sociedade ainda faz parte das práticas das elites.