2002.

Considera que nas sociedades modernas, com sua diversidade e pluralismo, seja de opiniões éticas e religiosas, ruiu a unanimidade da hegemonia eclesial que havia em tempos idos, o que levou a Igreja a legitimar a autonomia da liberdade ética e religiosa de cada pessoa, mas sem perder de vista o respeito aos direitos dos demais. Pois se parte de um pressuposto de que dentro da convivência de um sistema democrático, como um direito pertencendo a toda unanimidade, assim como ser tolerante com a diferença, pois como é sabido por todos que a convivência entre os indivíduos dentro da relação social requer o mínimo de regulação ética, o que significa dizer que há um conjunto de exigências que o individuo deve seguir, às vezes não sendo muito de sua vontade, para que haja o respeito das diferentes visões, interpretações e modos de agir entre os diferentes valores que cada qual possui. Quando isso não ocorre, se põe em evidência o individualismo que na maioria das vezes acarreta conseqüências nada agradáveis para o meio no qual se encontra. Explica que a tolerância nasce do respeito e da compreensão perante àqueles que possuem idéias e modos de ser diferentes ou mesmo antagônicas daqueles que convivem na sociedade ou quando não se tem a preocupação de impor os seus valores para os outros esperando que eles sejam acolhidos. Por isso, é de suma importância que a legislação civil não dê importância aos códigos éticos que são considerados concretos e definidos em si; deve-se estar aberto e respeitar a outros e novos valores, deste que sejam respeitados e sejam razoáveis com os valores e crenças diferentes do que se acredita. Ao que diz respeito ao caráter religioso de uma dada pessoa ou mesmo a fé creditada por uma sociedade indica que representa um grande perigo o posicionamento que afirma a idéia de que o laicismo é uma postura ideal como forma de se manter a neutralidade frente às crenças religiosas e ao mesmo tempo quando não se abre ao diálogo e a discussão, na verdade é um posicionamento autoritário, quando não fundamentalista, que não almeja ouvir os diferentes em sua pluralidade. Indica que o cristianismo aspira uma moral de máximas que está além de uma legislação laica, mas que não está em oposição com as leis civis. Ao contrário, toda a legislação que tem como princípio à tolerância e o respeito está em conformidade com a moral cristã. A ética apregoada pelo cristianismo nem sempre está em conformidade com a civil; até porque a linguagem utilizada pela fé cristã deve esta caminhando junto com o progresso do mundo e com suas mudanças constantes e convivendo com a maioria das sociedades que são laicas. Pois a proposta maior do cristianismo repousa na defesa da dignidade humana, e como qualquer instituição tem o direito de levar a sua palavra e a convicção no que acredita. As instituições e mesmo os indivíduos que não estejam abertos ao pluralismo e ao diálogo não estão capacitados o suficiente para reexaminar os valores da sociedade e tentam como podem excluir-se do confronto. Acrescenta que a ética da sociedade civil é produzida pelas múltiplas ações de seus indivíduos que irão posteriormente ser rejeitadas ou inseridas na legislação, conforme os interesses e as necessidades da coletividade. Durante muitos séculos passados a Igreja era representada como o único lugar que possuía a dimensão do sagrado e era também uma forma de conferir o seu poder; todos aqueles que não comungavam da fé ou não pertenciam à instituição eram vistos como hereges. A separação ocorrida entre Igreja e Estado ajudou, de maneira significativamente, a compreensão entre essas duas instituições sobre o efetivo papel que ambas tem. Foi através de um longo processo histórico, mas com muita resistência, que a Igreja foi modificando o seu perfil e transformando-se em uma instituição mais tolerante para com aqueles que não aceitavam ou não queriam seguir a sua doutrina, pois dever que reconhecer que não há verdade absoluta, mas que se deve responder as necessidades de um dado momento em parceria com a sociedade civil e descobrir quais são os valores mais próximos da comunidade eclesial. Considera que dentro de uma sociedade democrática é salutar a defesa das próprias crenças que se torna um exercício de liberdade de consciência, uma vez que não se deve fomentar o desrespeito, a intolerância e sim a convivência humana a mais equilibrada e harmoniosa para todos(as).