Vozes, 2002.

Entende que o marginalismo ou ficar a parte do processo de crescimento do país e a heterogeneidade cultural, econômica e política que divide o país em dois estão interligados entre si que, na verdade, é o resultado da exploração de determinados grupos culturais por outros. Observa-se também que o marginalismo cultural e social possuem fortes relações com o marginalismo político, por quê? Porque muitos dos cidadãos são marginais a vida política e por não terem política inserida no seu dia a dia são objetos da própria; não são sujeitos políticos enquanto membros de uma sociedade. Relata que o termo democracia desperta muita empolgação por parte de todos, mas a exatidão do seu significado ainda se apresenta de maneira bastante vaga, já que a maioria dos teóricos relaciona a democracia à mera representação, o que a faz ficar por demais empobrecida. Para que a democracia se torne realmente palpável é preciso que se inclua nela, no mínimo, cinco categorias: (1) a representação; (2) a repressão; (3) a negociação; (4) a participação e (5) a mediação. Isso porque, sem essas categorias o real significado acerca da democracia fica muito empobrecido e incompleto. Quando se insere a categoria repressão, ela não fica meramente restrita as ações exercidas moral, econômica e fisicamente contra as pessoas, pois para uma análise mais aprofundada é importante saber como são exercidas as violações contra as pessoas, enquanto coletividade, os povos e as classes em referencia aos direitos dos indivíduos e com a violação dos direitos de coletividades. É claro que a democracia também é importante na medida em que se faz presente em seu conteúdo a representação, as eleições, o diálogo, a negociação e a conciliação, contudo, não somente. A democracia deve pertencer aos povos na luta para que liberte seus cidadãos através da participação da vida política e das decisões tomadas pelo Estado, já que ele detém a imensa rede de relações entre territórios, nações e classes e é sabido que a luta pela democracia, na História da América Latina, sempre esteve associada à independência, a justiça social e ao poder do Estado. Declara que qualquer tipo de sociedade, seja ela socialista ou capitalista, tem na democracia a forma de controle mais justa e humana no momento que reconhece os grupos com suas particularidades que integram a sociedade, uma vez que a liberdade de expressão e de crítica não põe fim ao conflito. Daí a importância de educação política adquiri grande importância, principalmente se ela capacita as pessoas para entender e enfrentar seus conflitos e contradições e possam, dessa maneira, refletir e discutir acerca da vida pública no momento histórico em que se vive. A luta atual pela implantação da democracia em todo contexto social tem como base comum à luta contra a exclusão do poder e dos benefícios por parte dos cidadãos. A democracia não excludente e universal destaca o valor da democracia plural e participativa no intuito que desapareçam a exploração, a marginação e a exclusão que devem ser mediados pela luta democrática, participativa, representativa e plural que almeja a lógica da democracia universal e includente que está na mão contraria do parasitismo e das exclusões do sistema dominante que está sustentada pela corrupção e com ela a violência. Não se deve entender porem, que o alvo principal a se atingir e a luta contra o liberalismo, pois só ele não é suficiente para o contexto atual como um todo, mas não se deve esquecer que ele é o “pano de fundo” de todas as ideologias que sustenta o atual sistema capitalista. Por isso, é importante que se coloque à tona os verdadeiros valores do liberalismo para que se possa gerar um movimento disfuncional no interior desse sistema a partir da iniciativa e da autonomia da sociedade civil e, dessa maneira, romper com o dogma do “mercado livre” que está controlado pela elite dominante. Apresenta seis conceitos de democracia por entender que eles precisam ser investigados e definidos para a reestruturação da democracia. (I) como democracia planetária não excludente; (II) como rede de governos dos povos do mundo com pluralismo ideológico, religioso, político e étnico; (III) como rede de governos que respeitem a soberania e a autonomia dos povos; (IV) como controle dos mercados e dos Estados pelas sociedades civis; (V) como processo de democratização permanente e (VI) como redes de conhecimento e ação, de comunicação e informação política, técnica e moral. Descreve que a democracia includente ainda continua sendo uma utopia, porque todas as democracias até então têm sido excludentes, o que se torna corriqueiro pensar a democracia em termos excludente; dificilmente alguém ao pensar a democracia imagina um governo de todo o povo que possibilite um mundo menos violento e menos autodestruidor e mais includente. Afirma que em um momento muito breve surgirá um complexo de lutas pela democracia, liberdade, justiça social e contra e exclusão que acontecerá em todos os cantos da terra, visto que o modelo dominante que aí está leva a insegurança no âmbito familiar, comunitário, nacional e estatal, sem esquecer do fato de que prolifera a guerra e a expansão do imperialismo. Propõe recriar a democracia e não mais adia-la por medo e fortalecer a história como forma de resistência, em presença do diálogo e do consenso.