Novamerica, 2001.

Trata-se de um seminário latino-americano intitulado “A escola em questão: desafios para o educador”, ocorrido nos dias 18 à 23 de outubro de 2001 na cidade do Rio de Janeiro, tendo-se como participantes em torno de 400 educadores que estão envolvidos com projetos ligados à promoção social de instituições educacionais públicas e privadas, representando diversos estados brasileiros e outros países da América do Sul e do Caribe que deve como sustentação teórica três objetivos basilar: (1) aprofundar a discussão em torno de problemas que envolvem a escola hoje dentro do cotidiano dos professores; (2) fazer trocas de experiências a partir do dia a dia dos educadores e educadoras, fazendo da escola uma experiência agradável tanto para as crianças, quando para os jovens e (3) indicar caminhos para “reinventar a escola”. Reconhece que a educação é um direito de todos e com ela o acesso ao conhecimento que esclarece e que tem o compromisso firmado com uma vida melhor e como tal está garantida na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Sabe-se que a História do Brasil está marcada por um tipo de estrutura social que fomenta a desigualdade e injustiça e por repetição de práticas de governos que em pouco ou em nada contribuem para pôr fim ou amenizar está triste realidade. Assim sendo, o acesso a educação, como a saúde, a terra, a moradia, etc., está garantida por direito, mas não de fato, basta que se olhe para a população menos privilegiada para constatar essa realidade. Perante esta situação de exclusão e da retirada de seus direitos, ninguém deve se tornar passivo com a atual situação. Deve-se manter o discernimento crítico, a capacidade e a disposição para a luta, aprender com a derrota e o que é mais importante: acreditar que é possível a construção de um mundo melhor, onde ninguém sofrerá exclusão ou será discriminado ou sofrerá qualquer tipo de eliminação. Para que a escola encontre o seu caminho e saiba propor alternativas para a construção de uma sociedade mais justa, apresenta três contribuições: (a) que a escola diversifique sua prática introduzindo oficinas, grupos de estudos, experiência diferenciadas de cultura, etc.; (b) que construa o seu projeto a partir da vontade de mudanças e condições concretas para realiza-las e (c) que consiga resgatar as pequenas histórias por aqueles que ajudam a fazer a escola. Reconhece que o currículo reflete as diversas visões de mundo e dos indivíduos e que por isso mesmo vem levantando alguns questionamentos e preocupações por parte dos educadores, já que ele, o currículo tem o papel no processo de construção de identidades sociais, relações de poder e é um foco central no processo de escolarização. Como conseqüência da hegemonia da ideologia neoliberal, a educação vem se tornando globalizada e acrescenta que, por este motivo, muitos temas que eram considerados do passado têm que se tornar atuais, sobretudo os que dizem respeito sobre o poder do estado nacional, acabando-se com a idéia que uma nação é constituída como unidade cultural e socialmente homogênea, mas cuidando de incluir as minorias que até então não apareciam na história oficial, como também a diversidade cultural, social e étnica dos países. Reconhece que os seres humanos estão fragmentados e solitários na aldeia global, por isso se faz necessário que a educação possa ofertar meios para que os cidadãos possam transitar pelo mundo sem que percam a sua identidade; possibilitar a construção de currículos que estejam calcados na realidade de cada país, incluindo seus povos e indivíduos, porque do contrario só servirá para reforçar a vida menos livre e torna-la mais desconhecida para todos. Para que tal fato se torne real (a construção de tais currículos) é necessário a inclusão de alguns objetivos, tais como: buscar equidade; formar as pessoas para serem mais felizes e mais produtivas; finalizar o hiato existente entre escola e universidade, incentivar a solidariedade… E é através da solidariedade que se trocará a experiências entre os diferentes povos, aprendendo com seus conhecimentos e experiências na construção de uma sociedade mais fraterna, uma vez que a educação deve se comprometer na edificação de uma sociedade mais justa. Com todos os avanços tecnológicos que caracterizam a pós-modernidade, está se constatando que há cada vez mais um sentimento de desencanto nas pessoas e a insatisfação e que no futuro mais ou menos breve as sociedades serão divididas em dois blocos: por um lado se terão aqueles países que produzirão conhecimento e avanços científicos e por outro terá aqueles que só receberão informações, acrescentando que mesmo dentro de um mesmo país se terão diferenças significativas, pois haverá aqueles que estão capacitados para manejar as informações e aqueles que se encontrarão completamente excluídos de todos os processos. Aposta na valorização afetivo-ética do educador e na sua vivência diária de valores e na intervenção que possa fazer no contexto social como meio de transformar a realidade social e de preparar e orientar os educandos para esse momento.