O texto se faz relevante principalmente pela consistente análise que faz sobre os dados de cor e raça das pesquisas e censos demográficos. Skidmore examina com autoridade a falta de dados durante um período de 50 anos e como as respostas aos censos muitas vezes revelam a ideologia do embranquecimento presente na mentalidade dos negros brasileiros.
O original do artigo foi preparado para a conferência Population, Nationalism and Ethnic Conflitict, no Watson Institute for National Studies Univerity, abril de 1991, e foi apresentado em palestra proferida em São Paulo, a 1º de agosto de 1991, no Instituto de Estudos Avançados de USP. O autor pertence ao Center for Latin American Studies, Brown University. Tradução de Tina Amado.
No país que recebeu a maior população escrava das Américas, o mito da democracia racial persiste e, com ele, o descaso oficial e o desinteresse de grande parte da produção intelectual pelo estudo das relações raciais. Examina, a partir da inexistência de dados quantitativos sobre a cor da população brasileira durante mais de 50 anos pós-abolição, o debate sobre a raça e a baixa repercussão das vozes que se insurgiram contra as teses assimilacionistas e a ideologia do branqueamento, ao longo do século atual.