Edições Loyola, 2002.

Disserta sobre a “revolução” silenciosa ocorrida no Brasil, na década de 90, demonstrando como se deram os impactos sobre a sociedade, já que deste os anos 80 o foco principal da política brasileira e a entrada no competitivo mercado internacional, política elaborada pelos tecnocratas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) que foi reforçada com a vitória do presidente Fernando Collor, que sofreu impeachment no seu mandato, e retomada a política do livre mercado com a entrada de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que a partir de 1994 o seu programa de governo teve as seguintes composições: privatizações das empresas estatais; neutralidade do Estado nas decisões econômicas; desregulamentação; ataque e fim dos direitos sociais, sobretudo os voltados para as relações de trabalho. Lembra que em entrevista cedida a revista Lua Nova, FHC afirmou que com a internacionalização, o governo direcionado por ele não será mais autárquico, mas um governo capaz de produzir modelos de design, engineering, marketing e que é através do BNDES que o Brasil está organizando o seu capitalismo e essa realidade é chamada de “revolução silenciosa” porque as pessoas não percebem e não sabem que isso vem ocorrendo (a nova maneira de organizar o capitalismo). Relata que a sucessão de FHC, apoiada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), foi o meio encontrado para dar prosseguimento a sua política de salvamento do Plano Real e com a chegada do ano eleitoral para a presidência da república, a estratégia utilizada, para que vença o seu candidato, é alarmar para o caos econômico que poderá acontecer. Instrui para o fato de que o entendimento sobre a realidade do Brasil a partir de 1990 é ainda o resquício da crise do desenvolvimento econômico apresentada no ano de 1930 a 1956, passando depois da crise que vai deste a ditadura militar até a conjuntura que modelará a década de 80, que mesmo sendo considerada a “década perdida”, em termos econômicos, representará o momento em que no Brasil e em toda a América Latina desembocará na redemocratização da sociedade civil organizada. Constata que a característica principal de governo de Fernando Henrique Cardoso está calcada nas privatizações das estatais devido ao acordo findado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para “manter” o equilíbrio das contas públicas, fazendo uma crescente desnacionalização da indústria brasileira. O problema maior das privatizações reside no fato de que não há nenhuma meta para a expansão dos serviços públicos, pois segundo promessas da cartilha neoliberal, afirmava-se que as privatizações fariam retomar o crescimento econômico, fato esse que já se foram oito anos e tal crescimento não aconteceu. Afirma que para se entender a crise que o Brasil entrou a partir dos anos 90 é necessário que se tenha clareza as mudanças que vem ocorrendo no modo de produção. Sabe- se que foi a partir das lutas dos sindicatos, dos partidos de esquerda, os movimentos sociais tão influenciados pela Igreja que se conseguiu construir a legislação trabalhista e as leis de proteção social, como forma de amenizar a exploração pela qual passa a classe trabalhadora. Entretanto, com a nova maneira do capitalismo moderno intervir não somente na economia, mas sobretudo no contexto social, transformando o que era trabalho manual em intelectual. No modo de produção do capitalismo anterior a força de trabalho estava centrada no produto que se produzia. Neste capitalismo novo, a ênfase está centrada no indivíduo, que agora não é mais visto como um produtor e sim como mais um produto. Como conseqüência desse processo, novas formas de exploração se fazem presentes, já que a legislação social cada vez perde mais o seu espaço. Entende que a forma mais emergente para se combater a “revolução silenciosa” é criar novas formas de se atuar na sociedade civil para que se possa construir de maneira segura um mundo que seja comum de todo/as. É mais do que urgente se construir projetos para que se dê fim a exclusão social tão crescente com a implantação do neoliberalismo, pois se assim não for dificultará cada vez mais a esperança de milhões de pessoas que sonham como uma nação justa e democrática.