Cuadernos Cristianisme i Justicia Num. 112, 2002.

Esclarece que a função original do Fundo Monetário Internacional (FMI), antes de sua remodelação a partir de 1973 com a crise do dólar, era a de controlar o sistema monetário internacional e que na atualidade ocupa três funções principais: (1) vigilância e supervisão das economias dos países membros; (2) assistência técnica no que diz respeito às questões fiscais e monetárias e (3) assistência financeira aos países que apresentam dificuldades financeiras e aos programas de reforma econômica. Já o Banco Mundial (BM) tinha como desempenho criar condições para a reconstrução da Europa, que logo após foi rejeitado pelos Estado Unidos que optou para a ajuda unilateral através do plano Marshall. Hoje o BM tem a performance de “ajudar” os países pobres em suas dimensões institucionais, estruturais e sociais. Explica que tanto o FMI como o BM têm uma imensa capacidade para influenciar a política econômica dos países do Sul. Constata-se, por exemplo, que a maioria das nações industrializadas exige que os países mais pobres e endividados cumpram com os programas de ajuste para que possa proporcionar a ajuda ao desenvolvimento. Ainda não se averiguou nenhum efeito concreto nos programas de ajuste ao que diz respeito no crescimento econômico e no equilíbrio na balança de pagamento. Ao contrário, a população, sobretudo a mais desprovida, tem pagado um preço muito alto com a falta de investimentos na área social que colabora para o aumento da pobreza. Lembra que não se pode culpar apenas o FMI e o BM como os únicos culpados pela pobreza dos países do Sul, mas os seus governantes ainda são os maiores responsáveis pela situação em que se encontram esses países. Ao mesmo tempo, está bem transparente, e não se esquece de mencionar, que as intervenções feitas por essas duas instituições de Washington em muito contribui para as deficiências que acontecem nas economias dos países em desenvolvimento. Menciona que as pressões exercidas sobre cidadania por parte das campanhas que estão sendo realizadas nos países que condenam as dívidas externas das nações pobres, fizeram com que as instituições financeiras internacionais credoras revisem os seus posicionamentos com relação à dívida, reconhecendo que ela realmente é um problema e como tal deve está situada na agenda financeira e de desenvolvimento. Até porque a condenação da dívida, e com ela as mazelas sociais acarretadas, está fazendo com que os governos consultem a sociedade civil para que opinem sobre o que se deve fazer para se livrar ou se amenizar desse peso que atravanca a melhoria da qualidade de vida da população. O processo do PRSP, siglas em inglês que significam Papéis Estratégicos para a Redução da Pobreza (Poverty Reduction Strategy Papers) exigiu dos governos dos países do Sul estratégias para que fomente o desenvolvimento com ênfase na participação social. A assembléia do milênio das nações unidas, ocorrida no ano 2000, objetivou a redução da pobreza extrema, a escolarização primária universal e a diminuição da mortalidade infantil até o ano de 2015 para que não haja mais pobreza, utilizando os recursos provindos das partes pagas da dívida externa dos países em desenvolvimento. Certifica que mesmo o BM e o FMI ao orientarem os países desenvolvidos que abram os seus mercados para que ajudem os países em desenvolvimento, na verdade, e a prática tem demonstrado, que é impossível competir com os países desenvolvidos na luta que se constitui contra a pobreza. Isso porque os países empobrecidos e endividados são obrigados a recorrer as recomendações do FMI para que possam conseguir novos empréstimos. Devido às crises que vem afetando o mercado financeiro internacional, vem se observando a ausência de benefícios, gerando graves conseqüências para as nações mais pobres. Um exemplo que se pode dar foi o caso dos cinco países mais afetados pela crise macroeconômica, onde eles receberam mais de cem milhões de dólares. A quantidade entrou bem rápida, sem nenhuma demora, mas a saída foi muito rápida também, ficando a balança desses países com salto negativo no ano seguinte e tendo como responsável principal à atuação exercida pelo FMI com suas medidas de austeridade fiscal e as políticas monetárias nada flexíveis, acarretando um alto custo social para os países pobres e em crise, pois se constatou um número crescente de pessoas vivendo na pobreza e como também o crescimento do desemprego. Explica que muito se tem discutido acerca das intervenções e das medidas tomadas por parte do FMI, já que os recursos que recebem os países em desenvolvimento devem contribuir para que eles possam alcançar e aumentar a estabilidade financeira. Um outro problema que detecta nos organismos financeiros internacionais é o de que eles mantêm a aplicação de uma única planilha com uma série de cláusulas e de regulamentos que são impostos para todos os casos, não levando em consideração que cada nação apresenta seus problemas específicos e que por isso mesmo deve-se respeitar as decisões que cada governante toma para solucionar as suas questões. Acredita que as instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o FMI a realidade quando ambos foram criados, já não existe mais. Assim deve-se fazer uma grande mudança para que essas instituições se situem no funcionamento da atualidade. Os países devedores têm que tomar parte na tomada das decisões, para que inclusive possam questionar as sanções que são impostas a eles e dessa maneira possam também apresentar suas propostas.