2002.

Explana que a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) intenciona, além do processo de integração da América Latina e do Caribe, o aproveitamento de um número maior de consumidores e um volume considerável de intercâmbio cultural, mas que é um projeto neoliberal com os moldes do Tratado de Livre Comércio estabelecido pelos países da América do Norte e de outros continentes para que promovam medidas que liberem e favoreçam a intervenção estrangeira. A idéia da criação da ALCA aconteceu no ano de 1994, nos Estados Unidos, com os líderes do Norte, do Centro, da América do Sul e do Caribe, objetivando os seguintes tópicos: integração econômica do hemisfério e dos mercados de capital; eliminação das barreiras alfandegárias e melhores medidas nas compras do setor público. Sabe-se que a ALCA irá influenciar de maneira decisiva a política, a economia e o contexto social dos países da América Latina e do Caribe na medida em que esses estão obrigados a abandonar os seus parques industriais para as transnacionais, reduzindo, ao máximo, os investimentos em educação, saúde e seguridade social; privatizar as estatais; produzir nas terras agrícolas o máximo para a exportação e para o pagamento da dívida externa; desregular o mercado financeiro, etc.. Considera que a ALCA só irá favorecer os oligarcas, aumentar a concentração de riqueza e incrementar as condições de miséria dos povos da América Latina e do Caribe. Essa realidade é comprovada quando se constata que direitos que foram conquistados pelos trabalhadores com muita luta e suores estão sendo desrespeitados, como por exemplo, a ausência de leis trabalhistas que os amparem; como também salários cada vez mais baixos que muitas das vezes são dados com acordos espúrios por parte do patronato e sem esquecer a entrada de crianças no mercado de trabalho. Observa-se também que por interesses puramente econômico as empresas estão deteriorando o meio ambiente e os governantes que por sua vez deveriam intervir nada fazem, pois estão mais preocupados na privatização dos serviços públicos, com a restrição dos direitos democráticos de seus cidadãos e pouco se importam com os prejuízos que poderá acarretar para a população ou mesmo com a perda da identidade nacional. Faz referência ao presidente mexicano Vicente Fox como o criador do Plano Puebla Panamá (PPP) que é uma “alternativa” para os países da América Central e dirigido para os estados do sul e do sudeste do México. Tem como prioridade os seguintes itens: desenvolvimento humano e o sustentável; proteção ao meio ambiente; promoção do turismo; facilitação do intercâmbio comercial e integração dos serviços de telecomunicações. O PPP possui uma posição antidemocrática e é, como a ALCA, um projeto da globalização neoliberal que tem todo o apoio do governo norte-americano e da oligarquia financeira internacional. Conjuntamente com a Segunda Cúpula das Américas foi realizado, no ano de 1998, a Cúpula dos povos das Américas que contou com a presença de mais de 300 organizações e movimentos sociais e de diversos observadores de países do Primeiro Mundo, demonstrando suas insatisfações perante a política neoliberal com sua colonização selvagem nos países periféricos. Já no Fórum Social Mundial, realizado no ano de 2002, na cidade de Porto Alegre, o Brasil demonstrou seu repúdio para com a ALCA e defendeu a soberania, a liberdade e as conquistas dos povos. Propõe como meio de se alcançar a justiça social desenvolver políticas sociais que visem a solidariedade, a melhoria da qualidade de vida e transformação total do atual modelo social e econômico, como também, incentivar o desenvolvimento comunitário e regional para que sejam gerados empregos produtivo tanto nas cidades como no meio rural. Deve-se, então, cobrar dos governantes debates públicos para que se esclareçam as verdadeiras conseqüências sócias, econômicas e culturais e ambientais com a implantação da ALCA e do PPP. Lembra que a Convergência de Movimentos dos Povos das Américas está construindo alternativas como forma de combater a política neoliberal em todo o continente americano, sendo que a formulação dessas alternativas inclui propostas e práticas democráticas e pluralistas de homens e mulheres dos diferentes movimentos sociais para a construção de uma nova sociedade.