UERJ/DEPXT/NAPE, 2001.

Trata-se de uma pesquisa realizada que deve o intuito de descobrir que literatura que existe hoje e que autores estão comprometidos com a causa negra e assim socializar as informações que estão contidas nestas obras, voltadas para um público não especializado, sobretudo aos jovens que estão envolvidos com a militância do Movimento Negro de Friburgo, na cidade do Rio de Janeiro. Pode perceber que os temas correlatos à cidadania, tais como: ética, racismo, direitos humanos, etc., despertava bastante atenção de pessoas provindas de classes sociais menos favorecidas, quando eram citados os nomes de personalidades e heróis da raça negra que foram ocultados da História. Ao citar o poeta negro Solano Trindade, nascido em 1908, no estado do Recife, diz que o mesmo externizou as problemáticas e a riqueza que envolve a cultura negra através de seus valores e mitos, o combate ao racismo, o direito à cidadania e a participação e a conquistas sociais na auto-representação étnica de maneira positiva. Foi também o criador do Teatro Popular Brasileiro e outras atividades culturais que estava incumbida em denunciar o preconceito e o racismo que está impregnado na sociedade brasileira fazendo com que essa realidade levasse a Constituição brasileira de 1988 a considerar o racismo como crime imprescritível e inafiançável em todo território nacional. Em 1974 morre pobre na cidade do Rio de Janeiro. O caso de João Cândido Felisberto, negro nascido no ano de 1880, no Estado do Rio Grande do Sul, foi um caso singular. Ao ser repreendido pelo neto do fazendeiro onde trabalhavam ele e seu pai, João Cândido foi levado para a Marinha como forma de reeducar sua rebeldia e consegui chegar ao cargo de cabo. Nessa época essa força armada tinha um código de disciplina muito rígida que entre outras penas estava incluída a chibatada. Em 1904 a Marinha brasileira necessitando renovar sua frota encomenda a Marinha inglesa vários tipos de navios, submarinos e encouraçados. Contudo necessitando também de mão de obra que soubesse lidar com os novos equipamentos enviou alguns brasileiros, que entre eles estava João Cândido. Em contato com o proletariado da Inglaterra, que era por demais politizado, Cândido começou por perceber as discrepâncias, desigualdades e as injustiças que havia no Brasil, despertando a insubordinação e a consciência em lutar contra as condições de trabalho que estavam submetidos, questionando então os métodos de correção existentes na marinha, deixando os demais marujos descontentes e tal descontentamento chega ao conhecimento do governo federal de Nilo Peçanha que, com arte-manha, tenta trazer Cândido para ser seu aliado, mas que não conseguiu. Devido aos maus tratos que ainda sofriam os marinheiros, no dia 22 de Novembro de 1910 acontece uma rebelião contra os oficiais em nome da liberdade e do “abaixo a Chibatada!”, acontecimento que foi nos diversos jornais do país e o nome de João Cândido começou a ser associado ao da radicalidade do movimento ocorrido que fazia exigências e ameaçava bombardear o Rio de Janeiro. Em um “acordo” entre os rebeldes e o governo foi cedida a anistia. No dia 28 do mesmo mês o Congresso Nacional abaixa um decreto para excluir do seu quadro todos aqueles que são inconvenientes à disciplina. João Cândido, entre outros, é preso e permaneceu na solitária até o ano de 1911. Após dez meses na prisão, os rebeldes forma libertados graças ao contrato feito pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário a três advogados, que nada cobraram. João Cândido saiu da prisão tuberculoso, encontrando grande dificuldade para trabalhar, sobretudo com a fama de rebelde que tinha, sobrevivendo de biscates. Em 1958 o jornalista Edmar Morel escreve a obra “A Revolta da Chibata” com os depoimentos de Cândido. Morre em 06 de Dezembro de 1969 no Rio de Janeiro e em 1975 foi homenageado pelos músicos João Bosco e Aldir Blanc com o samba “O Mestre Sala dos Mares”. A historia de Zumbi do Quilombo dos Palmares, talvez seja a mais conhecida entre o povo brasileiro, pois, Palmares foi o quilombo maior e o mais duradouro do que existiram no Brasil. Nascido no estado de Pernambuco no ano de 1655 foi dado de presente para um padre que educa, alfabetiza, inclusive no latim, e o faz coroinha aos dez anos de idade. Explica que a palavra Quilombo significa “sociedade guerreira” que constitui um estado negro dentro do sistema escravagista da sociedade brasileira. O governo de Pernambuco, em parceria com o rei de Portugal, elabora um plano para destruir Palmares, porem ela apresentava diversas dificuldades para se chegar até lá: levava duas semanas de viagem a pé para atingi-la; a geografia de Palmares permitia com que os palmarinos pudessem enxergar, ao longe, a chegada de tropas inimigas; contam com o apoio de vizinhos que dependem de Palmares para a sobrevivência. Em 06 de Fevereiro de 1694 as tropas do comandante Vieira de Melo e Jorge Velho invadem Palmares, acarretando a maior chacina ocorrida na História do Brasil. Milhares de negros, inclusive mulheres e crianças foram degolados e em 7 de Fevereiro desse mesmo ano, Quilombo, o maior foco de resistência dos negros, sucumbi da maneira mais austera. Zumbi consegue fugir com uns poucos negros que sobreviveram, mas continua a sua luta contra os senhores de engenho. Traído por um homem de sua inteira confiança, Antônio Soares, Zumbi é morto no dia 20 de Novembro de 1695. o governador Melo e Castro manta decapita-lo e salgar a sua cabeça. Por isso, o dia 20 de Novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra. Chica da Silva, nascida no estado de Minas Gerais em 1726, heroína negra brasileira, que sabia ler e escrever conseguiu alforriar mais de cem escravos. Denuncia que a História oficial tenta passar a imagem de que Chica da Silva era uma prostituta, ao contrário, era uma negra rebelde e insubmissa e uma extraordinária mulher para o seu tempo que manteve a resistência e lutava pela respeitabilidade, em um tempo em que as mulheres eram discriminadas e onde predominava a escravidão de negros. Morre na opulência em Fevereiro de 1796. Lembra que na História Oficial brasileira não há alusão a pessoa de Chico Rei. Homem dotado de uma inteligência acima da média conseguiu comprar a sua alforria e de mais de 400 negros. Após a morte de Chico Rei, aos 72 anos de idade, em 1781, seu único filho Muzinga desapareceu, constituindo um grande mistério para os historiadores.