Vozes, 2001.

Adverti que o ano 2000 significou um marco histórico ao que diz respeito acerca da luta do movimento de mulheres contra o preconceito, a opressão e o direito a igualdade entre homens e mulheres. Como forma de fazer com que os detentores do poder político e econômico, a nível mundial, respeitem e acatem as reivindicações supra citadas, aproximadamente 6000 ONGs e milhares de homens e de mulheres percorreram diversos países alertando aos seus cidadãos o fato de que enquanto não houver o respeito físico e mental para com as mulheres, assim como a ausência na distribuição solidária da riqueza o futuro do mundo e de toda a humanidade estará comprometido. Explica que a Marcha Mundial das Mulheres, iniciada em Québec, mostrou ao mundo a imensa capacidade de ação e de organização do movimento feminista e a preocupação que este tem com a educação popular. Pode também desmascarar os indivíduos, instituições e governos que estão a par com o modelo de mundialização que alem de só visarem o lucro em todas as escalas faz com que milhares de seres humanos sejam levados à exploração e a uma vida de extrema miséria, sobretudo as mulheres e meninas que estão pagando um preço elevado mais do que os homens. Menciona o impacto negativo que vem causando as mulheres com o processo de mundialização: (1) com a redução dos gastos governamentais exercida pelos mercados financeiros o setor público vem sofrendo com o desemprego maciço; setor em que a maioria é composta por mulheres; (2) a privatização nos setores como a educação e a saúde esta fazendo com que as mulheres fiquem sobrecarregada em suas funções. O que era assumido pelo Estado, hoje é constituído como trabalho invisível e não remunerado; (3) com a mundialização ficou ainda mais acirrado o trabalho não remunerado para as mulheres, ainda mais pelas instituições financeiras como o Banco Mundial; (4) nos países do Sul a agricultura familiar que era praticamente feita por mulheres desapareceu, fruto da obrigatória abertura das fronteiras para os países industrializados; assim como são as mulheres também que trabalham nas zonas francas, onde as condições de trabalho se comparam as da escravidão; (5) com a mundialização o trabalho informal se expandiu de maneira considerável. Sabe-se que as mulheres são maioria no trabalho informal, onde as pessoas que nele trabalha além de não terem voz e direito ainda sobre a repressão do Estado; (6) devido o aumento da pobreza, conseqüência direta da mundialização, o tráfico de mulheres, a prostituição feminina o turismo e a indústria do sexo ficam intensificados cada vez mais. Assim sendo, questiona quais os mecanismo e quais as instituições que corroboram para a propagação do “eterno masculino” e quais os mecanismos que estão disponíveis que se tem para neutraliza-los e reverter esta situação. Indica que nem o avanço econômico e tecnológico, nem o desenvolvimento e a modernidade conseguiram acabar com as desigualdades e as explorações que ocorrem nas relações de assimetria entre os homens e as mulheres. Para se ter uma idéia dessa realidade, denuncia que 250 mil meninas de menos de 15 anos trabalham com escravas domésticas no Haiti, conhecidas como restaveks. Por um lado constata-se que as teorias economicistas do capitalismo neolibera,l de dominação masculina, fomentam as desigualdades, alimentando assim a dominação dos homens sobre as mulheres. Por outro lado se vê que mesmo com tantos avanços e conquistas ainda predomina o patriarcado, fazendo com que as mulheres fiquem em situação inferior aos homens, obrigando-as a viverem confinadas à exploração, ao espaço doméstico e excluída da vida social. Classifica a atual mundialização como sexista, que além de gerar a fome, a miséria e a pobreza, em todos os âmbitos da sociedade, oprimem as mulheres por sua etnia, de sua cor de pele, de sua orientação sexual, etc.. Por isso é fundamental ir a luta por um mundo mais solidário e igualitário que esteja livre da pobreza e de qualquer forma de violência, já que as mulheres estão mais decididas em denunciar a dominação masculina e o preconceito que sofrem.