Selecionamos aqui produções que ajudam a compreender o porquê de tanta revolta nas manifestações pela morte de George Floyd.

By Rafael Argemon

Muita gente se pergunta por que os protestos gerados pela morte de George Floyd – um homem negro covardemente assassinado por um grupo de policiais na cidade de Mineápolis, capital do estado americano de Minnesota – está gerando tanta violência em diversas cidades dos Estados Unidos.

A questão é que as tensões raciais continuam, há séculos, sangrando nas feridas abertas da sociedade americana, onde afro-americanos ainda são vítimas constantes da brutalidade policial.

Os negros formam apenas 13% da população do país, mas uma pesquisa da Universidade Cornell, publicada em março de 2019, apontou que 63% de afro-americanos têm algum parente na cadeia. E olha que estamos falando do país que tem a maior população carcerária do mundo, com mais de 2 milhões de pessoas presas.

O caso de George Floyd serviu de estopim para um barril de pólvora que, mais uma vez, estava prestes a explodir. Uma realidade que foi retratada em vários filmes e séries.

Para ajudar na sua compreensão sobre os motivos dos conflitos que vemos hoje, estarrecidos, pela televisão, reunimos aqui 7 filmes e séries que fazem uma reflexão sobre a tensão racial americana dirigidos por cineastas afro-americanos.

Veja aqui a nossa lista:

 

Faça a Coisa Certa (1989)

A obra-prima que tornou o cineasta Spike Lee famoso no mundo funciona perfeitamente como um microcosmo das manifestações que tomaram as ruas de diversas cidades dos Estados Unidos desde o assassinato de George Floyd. É a panela de pressão racial explodindo diante de nossos olhos.

Sinopse: No dia mais quente do ano, Buggin Out (Giancarlo Esposito) fica incomodado com uma parede cheia de retratos de italo-americanos na pizzaria do Sal (Danny Aiello), localizada em uma área do Brooklyn predominantemente negra/latina. Lá trabalha o entregador Mookie (Spike Lee), que tem de lidar todos os dias com o racismo do filho mais velho de Sal, Pino (John Turturro). Enquanto Buggin organiza um boicote à pizzaria, o jovem Radio Raheem (Bill Nunn) é brutalmente assassinado pela polícia.

Onde ver: Telecine Play / Google Play e iTunes (para alugar).

 

Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi (2017)

Dirigido pela cineasta Dee Rees, esse drama – que, infelizmente, passou batido pelos cinemas por aqui – nem sempre consegue abraçar todos os assuntos que pretende discutir, mas mesmo assim é um belo tratado sobre as profundas cicatrizes do passado escravocrata do Sul dos Estados Unidos. Feridas que seguem abertas até hoje.

Sinopse: Após a Segunda Guerra Mundial, duas famílias, uma negra, os Jacksons, e a outra branca, os McAllans, são forçadas a compartilhar o mesmo pedaço de terra em algum lugar no enlameado Delta do Mississippi. Enquanto ambas lutam contra a miséria, Ronsel (Jason Mitchell), o filho mais velho dos Jacksons, e Jamie (Garrett Hedlund), o mais novo dos McAllan, retornam da guerra e iniciam uma amizade baseada em seus traumas da guerra. Mas essa aproximação esbarrará na segregação e no ódio racial cultivados por muito tempo.

Onde ver: Google Play e iTunes (para alugar).;

 

A 13ª Emenda (2016)

O documentário da diretora Ava DuVernay faz uma análise aprofundada do sistema prisional nos Estados Unidos que serve como exemplo do tamanho da desigualdade racial por lá.

Sinopse: A décima terceira emenda da Constituição americana diz: “Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado”. Mas não é bem isso que se vê aplicado no sistema judicial americano.

Onde ver: Netflix.

 

Atlanta (2016)

Série criada pelo ator, roteirista, humorista, músico e rapper Donald Glover, Atlanta faz um retrato – às vezes cômico, mas muitas vezes trágico – das dificuldades de ser um negro nos Estados Unidos. Com um estilo que pode cair até no surreal, Atlanta trata temas como pobreza, falta de oportunidade, criminalidade e racismo sem se fixar em um gênero.

Sinopse: Earn (Donald Glover) é um afroamericano de 30 e poucos anos ainda meio perdido. Depois de largar um curso na prestigiada Universidade de Princeton, ele passa a fazer um bico aqui e ali para criar a filha que teve com a ex-namorada Van (Zazie Beetz). Mas aí seu primo Alfred (Brian Tyree Henry) começa a se destacar localmente como o rapper Paper Boi, e ele se torna seu empresário.

Onde ver: Netflix.

 

Olhos que Condenam (2019)

Também dirigida por Ava DuVernay, Olhos que Condenam é uma minissérie perturbadora. Primeiro ao mostrar o quanto a polícia e a Justiça americanas são parciais ao perseguir e julgar negros e hispânicos por meio de um sistema claramente racista. Segundo por mostrar a mentira que é a ressocialização de ex-presidiários, que depois de soltos não conseguem mais qualquer chance de ter uma vida decente.

Sinopse: Baseada em fatos reais, a minissérie conta a história de 5 jovens de origem negra e latina que foram injustamente condenados pelo estupro de uma mulher branca que corria no Central Park, em Nova York, em 1989.

Onde ver: Netflix.

 

Fruitvale Station – A Última Parada (2013)

Primeiro longa de Ryan Coogler, o mesmo diretor de Creed (2015) e Pantera Negra (2018), Fruitvale Station – A Última Parada retrata o último dia de vida de Oscar Grant, vítima de um dos casos de brutalidade policial mais emblemáticos da última década nos EUA, que aconteceu na estação de trem de Fruitvale, em Los Angeles, na passagem de ano de 2008 para 2009.

Sinopse: O jovem morador de Los Angeles Oscar Grant (Michael B. Jordan) quer se redimir de um passado de crimes, mas quase na virada do ano ele é demitido de seu trabalho. Fato que ele não conta para Sophina (Melonie Diaz), mãe de sua filha, porque não quer que nada atrapalhe a chance de passar o réveillon com as duas, em San Francisco. Porém, uma confusão acontece no trajeto do trem em que ele embarca, e ele e um grupo de outros homens negros são detidos por policiais brancos na estação de Fruitvale.

Onde ver: Amazon Prime Video e Globoplay / Looke (para alugar).

 

Corra! (2017)

O comediante e roteirista Jordan Peele surpreendeu todo mundo em 2017 quando transportou as questões raciais americanas para o gênero do terror de maneira muito inteligente. Corra! entretém ao mesmo tempo que nos joga na cara o horror e o absurdo do racismo.

Sinopse: Mesmo sofrendo de um certo receio, o jovem negro Chris (Daniel Kaluuya) está pronto para conhecer a família de sua namorada branca, Rose (Allison Williams), que vive nos arredores de uma pequena cidade bucólica no interior do Maine. Assim que ele conhece os pais dela, ele acha engraçado o comportamento excessivamente carinhoso dela, mas com o passar das horas ele começa a perceber que há algo de muito errado acontecendo naquela casa.

Onde ver: Netflix / Google Play e iTunes (para alugar).

 

Fonte: https://www.huffpostbrasil.com/entry/filmes-racismo-estados-unidos_br_5ed5476dc5b63211c26ee145